Cemil não integrará megagrupo leiteiro

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A Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil) não integrará o projeto de fusão das operações da Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR/Itambé), a Minas Leite, a Centroleite, de Goiás, e a Confepar, do Paraná. O principal motivo atribuído para a desistência do projeto é a participação reduzida que a cooperativa teria no megagrupo.

 

De acordo com o presidente da Cemil, João Bosco Ferreira, a proposta apresentada para a concretização da fusão não atendeu às expectativas da cooperativa. O dirigente afirmou que o projeto será mantido pelas demais empresas. A participação que a Cemil teria no projeto não foi informada por Ferreira.

 

"Desistimos da união das operações devido à participação muito pequena que teríamos. A prioridade agora serão os investimentos na ampliação do mix e da capacidade produtiva. Depois dos projetos concretizados poderemos voltar a planejar novas aglutinações", disse Ferreira.

 

Os projetos da Cemil para ampliar a atuação no mercado já estão em andamento. Ao todo serão investidos R$ 85 milhões, entre 2010 e 2012, o objetivo é incrementar a capacidade produtiva e exportar leite em pó. Uma das intervenções é a obra de expansão da planta de beneficiamento da cooperativa, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, que está orçada em R$ 45 milhões. Mesmo apresentando recuo de 20% no faturamento ao longo do primeiro semestre, os planos de expansão serão mantidos.

 

De acordo com o presidente da Cemil, a queda registrada no faturamento, cujo valor não foi informado, se deve à lenta recuperação dos preços do leite em pó e de outros produtos lácteos no mercado internacional, o que provocou aumento da oferta no mercado interno. A realização da Copa do Mundo também interferiu negativamente no nível de consumo dos produtos lácteos.

 

Com os baixos preços praticados no exterior, as indústrias exportadoras ainda não retomaram os volumes de vendas registrados no período pré-crise e optaram por comercializar o produto no mercado interno. O aumento da oferta contribuiu para a redução dos valores do leite.

 

Exportações - De acordo com os dados da balança comercial do agronegócio mineiro, entre janeiro e junho os embarques de produtos lácteos alcançaram US$ 17,546 milhões, o que representa uma queda de 59,5% no valor exportado em igual período do ano anterior.

 

Em volume, a retração foi de 57,06%, com exportação de 7,136 mil toneladas contra 16,619 mil toneladas registradas no mesmo período anterior. Os preços acumulam recuo de 5,69% frente aos praticados no primeiro quadrimestre do ano passado. A tonelada de produtos lácteos foi avaliada em US$ 2,45 mil, enquanto o preço ideal, conforme representantes do setor, é de US$ 4 mil por tonelada.

 

Segundo Ferreira, outro fator que contribuiu para a perda de receita líquida foram os preços pagos aos produtores, que tiveram forte recuperação e chegaram a R$ 0,78 por litro em maio. A alta provocou aumento dos custos nas indústrias e dificuldade de repasse dos valores para o consumidor final que, diante do aumento do litro do leite longa vida nos supermercados, reduziu o consumo. O valor atual do litro está em torno de R$ 1,50, enquanto os custos industriais são de R$ 1,60.

 

"Estamos trabalhando em uma situação difícil. O período entre maio e agosto seria de alta nos preços do leite longa vida devido à seca e à redução da oferta, porém os preços estão em queda, o que mostra um resultado atípico e sem previsão de melhora", alertou Ferreira.

 

Expansão - A aposta da Cemil para recuperar a rentabilidade é na ampliação do mix de produtos. A expansão da planta da empresa tem como objetivo a produção de leite condensado e posteriormente de leite em pó, que apresentam maior valor agregado.

 

O investimento na unidade de Patos de Minas será dividida em duas fases. Em princípio, a planta irá produzir leite condensado e a capacidade de captação de leite será duplicada. Hoje a coleta está próxima de 400 mil litros de leite por dia. Nessa fase serão realizados aportes de R$ 25 milhões. As obras de ampliação foram iniciadas em maio e a inauguração está prevista para final de novembro.

 

Após a conclusão da primeira fase serão investidos R$ 20 milhões na adaptação da indústria para a fabricação de leite em pó. "A intervenção será importante para aumentar nossa linha de produtos, agregar valor e expandir o mercado de atuação da Cemil", argumentou Ferreira.

 

Através da expansão do mix, a Cemil pretende iniciar as exportações de leite em pó e condensado, o que favorecerá o fortalecimento da cooperativa no mercado de lácteos.

 

O segundo projeto da cooperativa para expandir a atuação é a construção de uma planta para o processamento de 200 mil litros de leite diários em Caruaru, em Pernambuco. O projeto está em desenvolvimento e as obras estão previstas para início de 2011. O investimento estimado é de R$ 40 milhões.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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