Estrela investe no nordeste e tenta reduzir pressão chinesa

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Para driblar a pressão chinesa no mercado de brinquedos e diminuir a taxa de importação - hoje em 45% - a Estrela desenvolveu duas estratégias. A primeira é a abertura de uma nova fábrica em Sergipe, cujo o foco é produzir brinquedos com custos inferiores aos daquele país. A segunda é fazer parcerias com marcas famosas para desenvolver novas linhas de brinquedos, como o SuperBanco Imobiliário.

 

O presidente da empresa, Carlos Tilkian, disse com exclusividade ao DCI que a nova fábrica custou R$ 12 milhões e contou com financiamento do Banco do Nordeste. A previsão do executivo é de que a nova unidade já funcione a partir de setembro. O objetivo do grupo é diminuir custos com logística para Regiões Norte e Nordeste. "Queremos incorporar a cultura da região para desenvolver novos produtos. É o mercado de maior potencial para o setor de brinquedos no País."

 

Tilkian revelou que o objetivo da nova fábrica é ganhar vantagem competitiva frente à China. A unidade terá como foco a produção de bonecas grandes, da linha de veículos grandes para meninos e de alguns jogos. "O foco estará nos produtos em que somos competitivos frente à China."

 

Para aumentar as exportações dos atuais 2% a patamares próximos de 10% (esse segmento já representou 15% do faturamento), a empresa associou-se à Braskem, que a partir de 2011 fornecerá plástico produzido a partir de materiais como cana de açúcar. "Vamos exportar brinquedos à base de plástico orgânico para países europeus. Mesmo com custos mais elevados o apelo ecológico é forte."

 

Tilkian contou que um dos fatores culminantes para queda nas exportações foi o câmbio flutuante, a alta do dólar e a falta de políticas de compensação. "Além disso, a moeda chinesa é super desvalorizada frente ao dólar."

 

Para não perder a competitividade, a Estrela aumentou a importação de produtos e suplementos. Hoje está fatia é de 45%. "Pretendemos baixar a importação para 30%. O ideal seria 10%, pois os empregos ficariam aqui."

 

De acordo com o presidente, a empresa consegue sobreviver importando até 90% dos brinquedos e componentes.

 

O presidente avalia que o problema de fabricar brinquedos no Brasil não está no custo industrial, mas na política macroeconômica. Ele coloca como grandes "concorrentes" os custos de impostos na cadeia produtiva, os juros para financiar o setor e a inflexibilidade das leis trabalhistas. "São fatores que fogem do controle e desempenho da empresa. A China fez uma política de fortalecimento da indústria. Hoje eles exportam 80% da produção."

 

Clássicos

 

Para obter um crescimento de 15% frente aos resultados de 2009, quando a empresa faturou R$ 118 milhões, a Estrela deve lançar 280 novos produtos, dos quais 10% são relançamentos.

 

Um dos relançamentos é o do clássico Banco Imobiliário. A novidade do jogo é que ao invés de dinheiro a nova versão utilizará cartão de crédito da bandeira MasterCard e as companhias serão empresas famosas, como Vivo, Itaúe Nivea.

 

A empresa espera vender, até o final do ano, 120 unidades do SuperBanco Imobiliário. O investimento foi de R$ 3 milhões, entre desenvolvimento e apoio tecnológico. Em 66 anos, o jogo já vendeu 33 milhões de cópias. A empresa não descarta fazer novas parcerias para desenvolver brinquedos. "Devemos anunciar novos produtos em parceria com algumas empresas. É uma via de mão dupla."

 

No geral, a indústria de brinquedos tem expectativa positiva para 2010. A estimativa do presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, é a de que o setor cresça 8%.

 

Inicialmente, a entidade projetava atingir 5% de crescimento no ano, mas o aquecimento da economia e as vendas do primeiro semestre já superam as previsões.

 

Um dos fatores que fomentaram as vendas, de acordo com Costa, foi o aumento da renda do consumidor.

 

Outro aspecto apontado por ele é que os consumidores passaram a procurar mais os brinquedos nacionais, num percentual de 60% em relação aos importados. "Devido ao grande volume de recall de brinquedos importados realizado em 2008, o consumidor passou a procurar mais as marcas nacionais."

 

A grande fatia do setor está mesmo no segundo semestre do ano, por conta das datas que celebram o Dia da Criança e o Natal, que representam 70% da produção da indústria de brinquedos. Hoje no País há 441 fábricas, que projetam fechar o ano com R$ 4 bilhões de faturamento.

 

Veículo: DCI


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