Com 326 lojas e projeção de abrir mais 34 este ano, somando 360 pontos-de-venda, a Drogaria São Paulo, que driblou a concorrência ao adquirir recentemente uma nova empresa, o Drogão, segue forte no mercado com projeção de crescer acima da média do setor, que é de 20%. Isso comprova o apetite da empresa, que parece não se abalar com a forte concorrência no segmento do varejo farmacêutico, além do incômodo das gigantes supermercadistas como Grupo Pão de Açúcar (GPA), Carrefour e Walmart, que disparam em abertura de farmácias próprias dentro de suas unidades no mercado brasileiro.
Espalhada por cinco estados do Brasil, a rede assume a liderança do setor em faturamento, previsto na casa dos R$ 2,5 bilhões este ano. Com a recente compra da rede Drogão, a Drogaria São Paulo reassume o posto de líder, perdido em 2007 para a rival cearense Pague Menos, que ainda possui o maior número de lojas e presença no País.
Este ano, Ronaldo de Carvalho, proprietário e presidente do conselho da rede, diz que o investimento médio para abertura de cada loja será de R$ 1 milhão e que mais de 20 lojas já estão contratadas. "Isso vai depender do ponto e também do tamanho de cada loja" afirma. A rede de farmácia está sob o guarda-chuva da Codrome, holding que detém a Drogaria São Paulo, o Drogão e a DSP imóveis, empresa com 68 imóveis, cisão feita para separar o negócio comercial do imobiliário. Carvalho afirma ainda que os investimentos do grupo, hoje, também se concentram na locação de espaços, com foco para as lojas.
Paulistana de nome e também de origem, a Drogaria São Paulo, nasceu em 1943, na Rua José Bonifácio, no Centro de São Paulo, para abastecer o varejo farmacêutico. Thomaz de Carvalho, seu fundador, paulista da cidade de Monte Alto, era farmacêutico formado em 1932, na época, já era dono de farmácia. Cursou a universidade para ter melhor conhecimento da parte técnica do seu promissor negócio. Na sua fundação a rede contava com 32 sócios e atendia somente o atacado de medicamentos.
A segunda loja a ser aberta o foi na cidade de Santos, devido ao grande potencial na época, que exportava café e do comércio local, por conta do Porto de Santos. Nessa loja o atendimento já era feito também no varejo. Foi em 1971, que aos 27 anos Ronaldo de Carvalho, começa a se interessar pelos negócios do pai. Formado em Engenharia Mecânica devido a sua paixão por carros, trabalhava em uma fábrica de balas, quando decidiu reformular o negócio da família.
"Já entrei com a intenção de comprar a participação dos outros sócios; meu pai tinha 18%, e eu fui comprando a participação dos outros, até chegar ao patamar de hoje, 80% da companhia" afirma Carvalho. A partir daí, a rede intensificou seu trabalho nas vendas: a equipe antes formada por telefonistas e apenas dois vendedores de rua passa a ter 30 vendedores externos para atender a demanda de atacado, que ainda representava 90% das vendas da loja.
Foi a partir de 1986 que a Drogaria tornou-se apenas varejista; a última venda feita no atacado recebeu por pagamento alguns cruzados, época em que faltou tudo no Brasil inclusive medicamentos. "Foi um período muito difícil, os preços estavam congelados. Também tivemos problemas com a indústria" conta o presidente da rede.
Segundo ele, esse foi um dos fatores que levaram a drogaria à decisão de entrar no varejo, e a maioria das indústrias eram multinacionais, o que dificultava a negociação. "Com o atacado, precisávamos da condição da indústria para poder revender para a farmácia e com isso, éramos muito pressionados. Pensamos ser melhor no varejo onde se trabalha com consumidor, que são milhares, e a indústria é um a um" conta.
Com a abertura de lojas e a expansão da rede surgiu a preocupação quanto ao nome, na década de 70 e 80. "Caso fôssemos sair de São Paulo, qual nome iríamos usar? Isso por conta da rivalidade entre os estados, na época havia até torneios. Depois chegamos à conclusão de que existem ruas de nome São Paulo em todos os municípios do Brasil. São Paulo é um santo da igreja católica. Então, abrimos lojas no Ceará, na Bahia, em Minas sem problema nenhum; isso é normal, com a globalização."
Aquisições
A exemplo do Drogão, há nove anos a Drogaria São Paulo incorporou a Farmax, por meio de compra de ações. Um dos acionistas da antiga Farmax, Gilberto Ferreira, é o atual presidente da rede. Durante alguns anos, a rede trabalhou com as duas marcas, pois a Farmax atendia público A e B, e em regiões que a Drogaria São Paulo ainda não estava presente. No total foram 20 lojas, que no prazo de cinco anos foram incorporadas pela rede.
"Agora que já sabemos como fazer, no caso do Drogão, o prazo para a troca de bandeira será bem menor, projetamos que dentro de sete meses, e também para alinhar algumas questões" explica Carvalho. Segundo ele a companhia pretende crescer loja a loja. "Em ambos os casos foram as redes que nos procuraram para fechar negócio", conta.
Concorrência
Perante a concorrência -frente a redes como Drogasil, Raia e Pague Menos-, a nova líder, Drogaria São Paulo, afirma ser muito forte. "A Drogasil trabalha muito bem e está forte, assim como a Raia", afirma o presidente. Com a rival, a cearense Pague Menos, o grande incômodo é a questão do incentivo fiscal para pagamento de ICMS concedido pelo estado de origem da rede, o Ceará.
Com as grandes redes de supermercados como o Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart que somam, no total, 400 drogarias, os planos de expansão são em média de 50% para o segmento este ano. A rede paulista de farmácia crê que o relacionamento das supermercadistas com a indústria será mais intenso, o que, por um lado, pode se tornar em um fator positivo para a negociação com o varejo farmacêutico.
"Assim a indústria pode ver em nós melhores clientes. Por outro lado, a tendência é de vendermos menos", afirma Carvalho.
Veículo: DCI