Condições climáticas favoráveis no Sul do Estado e o maior emprego de tecnologia ampliam produtividade.
A produção mineira de morango deverá crescer cerca de 5% na safra 2009/2010, frente a igual período anterior. A expectativa positiva se deve às condições climáticas e à aplicação de tecnologia que estão favorecendo a ampliação da produtividade. A safra em Minas Gerais deve gerar cerca de 80 mil toneladas do fruto em 1,7 mil hectares cultivados. A colheita do morango já foi iniciada e se estende até setembro.
Segundo o coordenador regional de horticultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Raul Maria Cássia, as temperaturas amenas registradas na região Sul do Estado, principal produtora do fruto, e a maior aplicação de tecnologia no campo, estão favorecendo o crescimento da produtividade.
"As condições climáticas ao longo do primeiro semestre foram mais favoráveis do que a presenciada no ano anterior quando enfrentamos um inverno chuvoso. Isto poderá contribuir para um incremento de até 5% na produção da região. Os produtores também estão investindo na aplicação de tecnologia o que garante alta produtividade mantendo a área plantada", disse Raul Cássia.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de morangos vem crescendo nos últimos três anos. Em Minas Gerais o cultivo do fruto está concentrado em 27 municípios. Desse total, 20 estão localizados na região Sul do Estado e são responsáveis por 95% da safra estadual. As lavouras que respondem pelos 5% restantes da produção estão nas regiões Central e no Alto Paranaíba.
Os municípios que lideram a produção no ranking estadual são Bom Repouso, Pouso Alegre e Estiva, todos no Sul de Minas. Juntos eles são responsáveis pela produção de 57,3 mil toneladas, representando 72,2% da produção estadual.
Somente em Pouso Alegre deverão serão colhidas cerca de 17,6 mil toneladas, sendo a produtividade de 50 toneladas por hectare.
Insumos - A produção de morangos em 2010 será favorecida pela redução observada nos preços dos adubos e fertilizantes em quase 50%, frente os preços praticados no primeiro semestre de 2009. Os insumos são os principais utilizados na cultura, devido à fragilidade dos morangos. Com a queda nos preços dos adubos houve maior investimento na preparação do solo para o plantio, o que é essencial para elevar o nível de produtividade.
Outro fator que tem favorecido a produtividade do fruto é o maior investimento dos produtores em equipamentos de qualidade, aplicação de tecnologia e capacitação da mão de obra. Segundo Raul Cássia, grande parte do cultivo do morango no Estado é feito em túneis cobertos, o que reduz o impacto das variações climáticas, tanto com o calor excessivo como chuvas de granizo e ventos, e a infestações de doenças e pragas.
Além dos túneis, outro recurso utilizado pelos produtores é a ferti-irrigação, que consiste na conjugação da irrigação por gotejamento com adubação das plantas cultivadas nos túneis com proteção de plástico. O sistema além de aumentar o rendimento da planta, possibilita o alongamento da colheita. A medida é importante para que o produtor consiga maior prazo para negociar os morangos no mercado.
"A instalação de túneis cobertos é uma das melhores formas de proteger a produção e garantir a qualidade final dos frutos. O resultado da ampliação da qualidade são preços melhores no mercado. Além disso, através da técnica o produtor consegue produzir em dois ciclos, sendo que no caso do cultivo descoberto é feito em apenas um ciclo", disse o coordenador da Emater-MG.
Cotações - Os preços de mercado estão satisfatórios segundo a avaliação de Raul. A caixa de 1,5 quilo é vendida atualmente entre R$ 8 e R$ 10, o que é suficiente para gerar rentabilidade para o produtor. Com o avançar da colheita, a tendência é que os preços recuem no período de pico da safra, final de julho, e se mantenham na média de R$ 4 por caixa de 1,5 quilo.
Neste período as vendas são voltadas para a indústria, já que ocorre a produção de frutos com tamanhos irregulares e os gastos com embalagens voltadas para o consumidor final se tornam inviável. Somente o gasto com a embalagem do produto gira em torno de R$ 1,50.
O morango cultivado em Minas tem como destinos principais os mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, sendo que 70% da produção atende a demanda do mercado e das indústrias paulistas.
"As indústrias negociam a compra do morango no final da safra, já que a maioria dos frutos apresenta tamanhos menores que os colhidos no início e no pico da safra e não tem boa aceitação no mercado", ressaltou Raul Cássia.
Veículo: Diário do Comércio - MG