As condições climáticas favoráveis apontam aumento de 13% no plantio de arroz no Brasil para a temporada 2010/2011. De acordo com Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, apesar da frustração do setor com relação aos baixos preços praticados, o País deve recuperar a produção entre 12,7 milhões de toneladas e 13 milhões de toneladas, semelhante aos patamares de 2008/2009. "Para o ciclo 2009/2010, a produção nacional deve ser de 11,5 milhões de toneladas", estima.
No Rio Grande do Sul, a expectativa também é de recuperação aos níveis de 2008/2009. Segundo Walter Arns, rizicultor e presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana (RS), o estado deve voltar a produzir oito milhões de toneladas na safra 2010/2011. O número representa avanço de 17,65% se comparado a 2009/2010, quando a região deve colher 6,8 milhões de toneladas do cereal. "Com a quebra de 1,2 milhão de toneladas nesta safra, esperava-se que houvesse uma recuperação nos preços, mas não está ocorrendo", afirma Arns. Para o analista, a retração nas cotações no mercado internacional é a principal dificuldade para a recuperação dos preços no mercado interno. "Além da sazonalidade da oferta interna, é preciso levar em consideração o comportamento de variáveis externas".
De acordo com Bento, o mês de junho continuou contrariando a sazonalidade de oferta. A saca de 50 quilos do grão em casca em Pelotas, no início do mês, estava cotada a R$ 28,35 e fechou a R$ 26,6, uma retração de 6,17%. No mercado cambial, o dólar comercial entrou em junho a R$ 1,84 e fechou a R$ 1,80, recuo de 1,9%. "Essa apreciação do real potencializou os reflexos da forte retração nas cotações internacionais sobre o mercado doméstico".
O arroz dos Estados Unidos, em reais, segundo o analista, caiu 20%. "Com os norte-americanos colhendo a maior safra da história e já registrando vendas futuras de 74 mil toneladas para o Brasil, o mercado doméstico foi impactado psicologicamente pela possibilidade de um maior ingresso que não do Mercosul", afirma Bento.
Diante desse cenário, Arns considera que o mesmo pode ocorrer na safra 2010/2011. "Os preços podem ser mais deprimidos", pondera, dizendo que vai caber apenas ao produtor a decisão de apostar em recuperação cambial ou quebra no mercado externo. "Mas não se vislumbra isso no curto prazo", reitera.
Para Maurício Fischer, presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), os 1,1 milhão de hectares a serem cultivados no estado podem não ser totalmente aproveitados. "Principalmente nas áreas marginais, onde o custo é mais elevado. Talvez não se cultive toda a área", diz.
Dados da Safras & Mercado mostram que o Brasil deve importar este ano 1,64 milhão de toneladas do cereal. O maior volume adquirido desde a safra de 1998/1999, quando o País importou dois milhões de toneladas. "Normalmente importamos menos de 10% do consumo", diz. O consumo brasileiro de arroz, de acordo com estatística do Irga, é de 13 milhões de toneladas.
Logística
Segundo Fischer, as exportações brasileiras de arroz, já recuaram 47%, devido a interferência cambial. "Em 2009, neste mesmo período, o dólar estava R$ 2,10, hoje vale pouco mais de R$ 1,70". Segundo o presidente do Irga, a tonelada do cereal longo fino, com 4% de quebrado, valia entre US$ 600 e US$ 700. Em 2010, caiu para US$ 450. "As tarifações brasileiras tiram a competitividade logística do País". Para Fischer, importar arroz de Montevidéu para o Nordeste custa menos que buscar no Rio Grande do Sul. "O governo deveria subsidiar o escoamento da safra". Segundo Arns, apenas a desoneração seria suficiente para diminuir as perdas no setor.
Condições climáticas favoráveis apontam aumento de 13% do plantio de arroz no Brasil em 2010/2011, quando o País deve recuperar a produção e chegar a 13 milhões de toneladas.
Veículo: DCI