Vendas domésticas são puxadas pelas indústrias automotiva, celulose, construção e bens de consumo
A demanda por cloro e soda cáustica, dois insumos químicos, teve forte alta no primeiro semestre deste ano e deverá se manter firme nos próximos meses no país. O crescimento médio da produção desses produtos foi de 8%, puxados pelos mercados automobilístico e de fabricação da resina PVC, no caso do cloro, e pela indústria de papel e celulose, no caso da soda cáustica.
Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) mostra que de janeiro a junho, a produção de cloro no país ficou em 675,5 mil toneladas, um crescimento de 8,1% sobre igual período do ano passado. No primeiro semestre de 2010, a produção de soda cáustica atingiu 753,48 mil toneladas, aumento de 8,2%. "A expectativa é de que a demanda por esses dois produtos continue forte no segundo semestre e encerre o ano com crescimento de 8%", afirmou Martim Afonso Penna, diretor-executivo da Abiclor.
O cloro, utilizado diretamente na produção de poliuretano - matéria-prima aproveitada pelas indústrias automobilística, de fabricação de colchões e PVC - tem encontrado mercado cativo, uma vez que esses setores, sobretudo as montadoras e construção civil, registram retomada de demanda, passado o período mais turbulento da crise desde o fim de 2008.
Nesse segmento, os principais fabricantes - Braskem, Carbocloro, Dow e Solvay - são os maiores consumidores dos produtos, uma vez que utilizam cerca de 90% do volume fabricado para a industrialização de resinas intermediárias, observa Penna. Da produção total, de 675,5 mil toneladas no semestre, apenas 80,1 mil toneladas foram vendidas para terceiros. O restante foi consumido e estocado pelos próprios fabricantes para a reindustrialização de resinas.
Na soda cáustica, a proporção é inversa. Das 753,5 mil toneladas produzidas nos primeiros seis meses de 2010, as vendas para terceiros ficaram em 635,3 mil toneladas, enquanto 77 mil toneladas ficaram nas mãos dos próprios fabricantes para uso cativo.
Em 2009, a produção total de cloro somou 1,27 milhão de toneladas, com consumo aparente de 1,28 milhão de toneladas. Na soda, o volume foi de 1,416 milhão de toneladas, ante consumo de 2,25 milhões de toneladas. O setor teve de importar 888 mil toneladas.
A demanda por esses dois produtos tem crescido também no mercado internacional, sobretudo em países emergentes. Um exemplo é a China, comenta Anibal do Vale, presidente da Abiclor e também executivo da Carbocloro, umas das maiores produtoras de cloro do país.
Os Estados Unidos, que já foram grandes fabricantes, viram sua demanda cair por conta da crise econômica global, que derrubou o consumo naquele país.
No Brasil, algumas empresas do setor, caso da própria Carbocloro, segundo informou Vale, fizeram investimentos para elevar a capacidade de produção para atender o mercado.
Veículo: Valor Econômico