Queda no consumo e alta na produção em Minas e no país afetam mercado.
A cotação dos ovos em Minas Gerais continua abaixo dos custos de produção. A média registrada entre os dias 1º e 23 de julho indica desvalorização de 2,69% frente os preços praticados em junho. As principais justificativas para o mercado desfavorável são a queda no consumo e o aumento da produção em Minas e no país.
Minas Gerais deve produzir neste ano pelo menos 300 milhões de dúzias de ovos. O incremento esperado é de 3% frente à produção obtida no ano anterior. No ano passado, o segmento encerrou o exercício com retração próxima a 15% no faturamento gerado pelas exportações se comparado com 2008. A recuperação dos preços e dos volumes embarcados depende da recuperação da demanda internacional pelo produto.
De acordo com a superintendente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Marília Martha Ferreira, as estimativas para o segmento são desfavoráveis, já que a oferta de carne, principal concorrente dos ovos no mercado, está alta, o que favoreceu a redução dos preços e o aumento do consumo. O período de férias também interfere de forma negativa no consumo.
"Dependemos da recuperação do mercado mundial para que os preços dos ovos voltem a trazer lucro para os produtores. Além da demanda pelo nosso produto, também é necessário que ocorra recuperação do setor de carnes para equilibrar a oferta no mercado local", observou.
De acordo com o consultor da Jox Assessoria Agropecuária, Oto Xavier, a queda nos preços se deve também ao aumento da produção. "A princípio a tendência do mercado de ovos em Minas Gerais é de manutenção dos preços baixos, tendendo a novas quedas. Não existem sinalizações de que o preço possa ser recuperado no curto prazo", disse.
A média dos preços de ovos em Minas durante o primeiro semestre ficou em torno R$ 38,40 a caixa com 30 dúzias. O valor é insuficiente para cobrir os custos e gerar lucro para os produtores. O custo médio gira em torno de R$ 40 por caixa.
A redução significativa dos preços do milho, principal insumo do segmento, contribuiu para que os impactos da desaceleração econômica fossem minimizados. Uma das medidas adotadas pelos produtores foi a redução do lote de poedeiras, o que permitirá o controle da oferta do produto no mercado.
No primeiro semestre, o faturamento gerado pelas exportações de ovos e gemas, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), registrou queda próxima a 11%. O montante caiu de US$ 14,8 milhões, obtidos entre janeiro e junho de 2009, para os US$ 13,3 milhões em igual período de 2010.
Além da queda no faturamento, os embarques também foram reduzidos. No primeiro semestre, Minas Gerais exportou cerca de 9,04 milhões de quilos de ovos e gemas. O volume destinado ao mercado externo no mesmo período do ano passado foi em 11,64 milhões de quilos, o que representa queda próxima a 22%.
Exportação - "Acreditamos que com a recuperação da economia mundial, as exportações de ovos serão impulsionadas. O mercado internacional é promissor. Nossa expectativa é que Minas Gerais amplie as exportações de ovos desidratados, o ingresso neste tipo de exportação será essencial para incrementar a rentabilidade das agroindústrias mineiras, já que o ovo em pó possui maior valor agregado e índice menor de perdas", enfatizou Marília Ferreira.
Minas é o segundo maior produtor de ovos do país, respondendo por 20% do total nacional. O volume é de quase 300 milhões de dúzias ao ano. O Sul de Minas possui o maior polo de granjas de postura do Estado. Segundo a Avimig, apenas 30% dos ovos produzidos em Minas são consumidos no Estado. A maioria é destinada a outros estados e cerca de 10% às exportações.
Um dos grandes desafios do segmento é vencer a concorrência com São Paulo. O estado vizinho é o maior produtor, respondendo por mais de 50% da produção nacional, cerca de 40% do mercado mineiro é abastecido pelo produtor paulista. Os preços mais competitivos é um entrave para o produtor mineiro.
Veículo: Diário do Comércio - MG