Safra de batata deve subir 1,4% em Minas

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A produção mineira de batata deve encerrar a safra 2009/2010 com crescimento de 1,4% frente à produção registrada no ano anterior. Ao todo, o Estado será responsável pelo cultivo de 1,150 milhão de toneladas do produto. A colheita da terceira safra mineira já foi iniciada. O preço da saca de batatas está em torno de R$ 55, enquanto os custos de produção não ultrapassam ao R$ 35.

 

A pequena margem de crescimento contrariou as expectativas dos produtores da região Sul do Estado, que responde por 46% da produção mineira. De acordo com o engenheiro agrônomo e diretor executivo da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, a expectativa era de fechar o ano com crescimento próximo a 15%, impulsionado pelo aumento da área plantada. Porém, devido às condições climáticas desfavoráveis registradas durante a primeira safra do ano e a utilização de sementes de má qualidade, foi registrada queda na produtividade.

 


"Diante os bons preços obtidos durante a colheita da primeira safra de batata, os produtores investiram na ampliação da área plantada. Porém a utilização de sementes de baixa qualidade comprometeu a produtividade e a qualidade da batata. O resultado foi queda na produção e aumento dos custos", disse Ribeiro.

 


Durante a primeira e a segunda safra houve valorização do produto no mercado, o que contribuiu para acelerar a colheita. O valor de comercialização da saca de 50 quilos, no período, chegou a ser comercializado a R$ 85, dependendo da qualidade, enquanto os custos não superam R$ 35. Segundo informações da Abasmig, a valorização do produto ficou próxima a 20%, frente a igual período do ano anterior. O incremento foi atribuído à redução da safra no Paraná, o que promoveu o recuo da oferta no mercado e impulsionou os preços.

 


A partir de junho, com o início da colheita no Paraná, foi registrada queda na cotação da batata. O preço médio registrado entre os dias 12 e 16 de julho, em Minas Gerais, ficou em R$ 55 a saca de 50 quilos, redução de 35,2% frente os valores praticados até junho.

 


Valorização - De acordo com o coordenador técnico de Batata do Conselho Estadual de Política Agrícola, Pierre Santos Vilela, a tendência para os próximos meses é de manutenção do valor durante a colheita do Paraná e valorização do preço da batata a partir de outubro.

 

"A terceira safra mineira é a menor e de maior custo devido à irrigação. Com a redução da oferta a tendência é que os preços se mantenham elevados até o início da colheita da primeira safra, em janeiro", disse Vilela.

 

A área plantada na região do Sul de Minas apresentou aumento de 10% durante a primeira safra ficando próxima a 12 mil hectares. Para a terceira safra o incremento foi de 16%, passando dos 4,2 mil hectares para 5 mil hectares. A expansão só não foi mais expressiva pela cultura nesta época ser irrigada.

 

"Os produtores estão motivados e devem ampliar produção para aproveitar os preços elevados. Porém devem ser utilizadas sementes de alta qualidade, o que contribui para o aumento da produtividade. Esperávamos um incremento próximo a 15% na última safra do ano, porém vamos manter a produção igual a registrada no mesmo período anterior, cerca de 150 mil toneladas, devido ao comprometimento da qualidade e produtividade causado pelas sementes de má qualidade", disse Ribeiro.

 

Um dos fatores que também está contribuindo para a capitalização dos produtores é a valorização do real frente ao dólar, que reduziu os preços dos insumos utilizados nas plantações de batatas. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Adubos e Corretivos Agrícolas do Estado de Minas Gerais (Sindac-MG), a redução dos valores chegou a 50% ao longo do primeiro semestre. A tonelada de adubo era vendida a R$ 1,4 mil, o valor caiu para R$ 600 a tonelada.

 

"Os adubos e fertilizantes respondem por cerca de 70% dos custos da produção de batata. Com a queda nos preços a cultura foi beneficiada, já os produtores tiveram melhores condições de investir nos tratos culturais", disse.

 

As expectativas para as próximas safras também são positivas. O aumento da renda das classes mais baixas está contribuindo para a expansão do mercado consumidor.

 

Minas responde por 33% da produção nacional de batatas. A região Sul de Minas é a maior produtora, representando cerca de 46% da cultura estadual. O produto abastece principalmente os mercados de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Nordeste.

 

Três safras - A produção de batatas é dividida em três safras. A primeira é colhida entre janeiro e abril, sendo considerada a de menor custo devido ao grande índice de chuvas. Por não exigir investimentos em irrigação, cerca de 90% dos produtores envolvidos são de pequeno porte. A segunda e a terceira safras são mais caras por exigirem sistemas de irrigação, a área plantada cai de 12 mil hectares registrados na primeira safra para 4 mil hectares e 5 mil hectares respectivamente.

 

Segundo Ribeiro, os associados à Abasmig pretendem ampliar a produção nos próximos anos visando o mercado externo. "Vamos expor nossos produtos para que o mercado internacional conheça a qualidade da batata mineira. Pretendemos realizar um estudo de viabilidade e logística para iniciar as exportações. Já recebemos propostas de vários países como a África e Iraque", explicou Ribeiro.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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