Faz tempo que a farmácia deixou de se limitar à prosaica atividade de venda de medicamentos. Hoje, os itens de higiene e beleza já somam 30% do faturamento das grandes redes, que foi de R$ 32 bilhões em 2009. A Drogaria São Paulo, que acaba de se tornar líder do setor, com a compra no mês passado da rede Drogão, não quer ficar para trás nesse movimento. Vai investir R$ 11 milhões este ano para remodelar todas as 72 lojas do Drogão e 40 dos seus pontos de venda, a fim de aumentar a exposição de itens como dermocosméticos, maquiagem, xampus e loções.
"Estamos abaixo da média de mercado na venda de higiene e beleza, que representam 25% do nosso faturamento", diz Gilberto Martins Ferreira, presidente da Drogaria São Paulo. A meta é atingir os 30% dentro de um ano, afirma. Aproveitando a mudança do layout, a bandeira Drogão vai desaparecer, sendo substituída por Drogaria São Paulo.
A motivação não está apenas na maior margem de lucro dos itens de higiene e beleza diante dos medicamentos - 3% contra 2,5% -, mas nas restrições legais em relação à venda de remédios sem prescrição (os chamados OTCs). "Vou aproveitar o espaço nas gôndolas, onde estavam os medicamentos sem prescrição, para aumentar a exposição de higiene e beleza", diz.
Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2009 impediu que as farmácias oferecessem produtos de conveniência e também OTCs ao alcance do cliente, neste último caso como forma de inibir a automedicação. A Abrafarma, que reúne as maiores redes de farmácia, briga na Justiça contra essa resolução e chegou a ganhar uma liminar. Mas a Drogaria São Paulo prefere se precaver aumentando a aposta em beleza.
Para isso, conta com o apoio da indústria. "Estamos promovendo um treinamento intensivo de 100 horas envolvendo 150 vendedores, que passam a conhecer melhor os produtos e aprendem a indicá-los à clientela" diz Ferreira. Grandes fabricantes como L'Oréal, Johnson & Johnson, Nivea e Unilever oferecem especialistas na área. Até o final do ano, será montado um time de 350 dermoconsultores, espalhados por praticamente toda a rede. A Drogaria São Paulo espera encerrar 2010 com 360 lojas e faturamento de R$ 2,5 bilhões.
Segundo a Nielsen, a venda dos itens de higiene e beleza cresceu 134% nos supermercados entre os anos de 2000 e 2009. No mesmo período, a venda desses produtos nas drogarias disparou 311%. Na década, a venda da cesta de produtos de higiene e beleza também cresceu acima da média do mercado: 186%, além dos 136% do total de categorias auditadas pela Nielsen. Quase a metade (48%) dos compradores de farmácias pertencem à classe C, enquanto 24% estão nas classes A e B e, 28%, na D e E.
Veículo: Valor Econômico