O presidente da Azul, Pedro Janot, disse ontem que a empresa quer vender para a baixa renda, que começa a ter acesso a novos serviços. Para isso, passagens poderão ser comercializadas até em supermercados. A TAM também tem planos para vender bilhetes à classe C nas lojas da Casas Bahia.
"Estamos buscando a nova classe emergente, que já é tão poderosa em outros setores. Queremos trazer esse cliente pela mão da Azul para andar de avião, deixando para trás o ônibus", declarou Janot. Isso deve acontecer por meio de formas de pagamento facilitadas que a empresa está adotando para atrair não só a população de baixa renda, mas aqueles que têm familiaridade com a internet.
Entre as novidades para ampliar o leque de clientes, o presidente da Azul informou que a empresa poderá vender bilhetes a prestação em cartão de débito e "cartão de crédito recorrente", modalidade que em que só é bloqueado no limite do cartão o valor da parcela mensal descontado, o que beneficia quem não tem crédito alto.
As passagens também poderão ser vendidas por boleto à vista ou parcelado, além de pagamento em cheque parcelado. "Só não voa quem não quer", afirmou o diretor comercial da Azul, Paulo Nascimento, ao explicar que o passageiro pode até optar por fazer depósito na conta corrente da Azul, se não tiver outro meio de fazer o pagamento.
Janot informou que a empresa está conversando ainda com diversos setores para expandir a venda, possivelmente em redes de supermercados. O executivo não quis adiantar qual rede poderia fazer parte dessa parceria porque as negociações ainda estão ocorrendo.
Nascimento informou que a empresa possui uma modalidade diferente de venda de passagem, chamada de Passaporte Azul, em que o cliente, por R$ 499, compra o direito de voar por um mês entre qualquer ponto atendido pela empresa. Ele ressalvou, no entanto, que há um número limitado de assentos para esse passaporte. A tarifa do trecho Brasília a Campinas varia de R$ 129 a R$ 390.
A Azul ocupa hoje a quarta posição no mercado de aviação, mas pretende conquistar o terceiro lugar até o fim do ano, atingindo 6% dos passageiros transportados no País, ultrapassando a Webjet. Janot prevê ainda que, com a chegada dos novos jatos até o fim do ano, logo poderá alcançar 10% do mercado.
Ivete Sangalo. A TAM vai anunciar hoje em São Paulo uma parceria com a Casas Bahia para usar a estrutura da rede na venda de passagens. O objetivo do negócio é aproveitar o crescimento da demanda por viagens entre os consumidores da classe C.
Para a nova fase de popularização das viagens aéreas junto aos consumidores emergentes, a companhia deve confirmar Ivete Sangalo como garota-propaganda da campanha publicitária.
Não é de hoje que a TAM vem costurando aproximações com a cantora baiana. A empresa é uma das patrocinadoras do show que Ivete fará em setembro no Madison Square Garden, em Nova York. Além disso, a companhia pretende ter um espaço na internet com uma espécie de passo a passo para os passageiros pouco experientes que quiserem fechar compras online.
Desde junho, os prestadores de serviço que atendem a empresa vêm discutindo o melhor formato para que a companhia aérea se aproxime da baixa renda.
A Casas Bahia possui 518 lojas espalhadas por dez Estados, e faturou no ano passado R$ 14 bilhões. O acordo com a TAM não é o primeiro flerte da empresa com um segmento de negócio diferente do seu.
No evento Super Casas Bahia, a varejista já abrigou, por exemplo, um estande de vendas da construtora Tenda, que buscava no espaço uma aproximação com a classe C.
Não é de hoje que o turismo começa a prestar mais atenção no público da baixa renda. Com a melhora do poder aquisitivo, o brasileiro passou não apenas a comprar geladeira e televisor, mas também a investir mais em lazer. Prova da aposta é que um dos maiores fundos de investimento dos Estados Unidos, o Carlyle, fechou no início do ano a compra do controle da maior operadora de turismo do Brasil, a CVC.
Veículo: O Estado de S.Paulo