O trigo continua surpreendendo o mercado e ontem os preços voltaram a subir firmemente. "Em 40 anos de mercado, nunca vi oscilações tão bruscas em tão pouco tempo", diz Lawrence Pih, do Moinho Pacífico.
O empresário se referia a mais uma forte puxada de preços ocorrida ontem, de 6,7%, o que já faz o trigo acumular 50% de aumento em quatro semanas em Chicago
O primeiro contrato do produto foi a US$ 7,26 por bushel (27,2154 kg), embalado pelas notícias de seca na Europa e na Rússia. Mas essa alta reflete não só a seca, mas a forte presença dos fundos no mercado, diz Pih.
Com excesso de capital e juros pouco atrativos no setor financeiro, eles foram em busca dos produtos agrícolas. Nas últimas semanas, compraram 160 mil contratos futuros de trigo, o que corresponde a 30 milhões de toneladas do cereal.
Seca e fundos não mexem apenas com os preços do trigo, mas também mantêm aquecidos os preços das demais commodities agrícolas.
A soja, apesar do pequeno recuo ontem, mantém alta de 9,4% em quatro semanas e o primeiro contrato está em US$ 10,53 por bushel. Esse produto também tem sido um dos preferidos pelos fundos, que estão com 32 milhões de toneladas de soja comprados.
A pressão de alta avança também sobre os produtos negociados em Nova York, as chamadas "soft commodities". O açúcar retomou a tendência de alta e acumula 13% nas últimas quatro semanas no primeiro contrato negociado na Bolsa.
O único produto na contramão é o suco de laranja, que registra queda de 4% em um mês, mas ainda acumula alta de 56% em 12 meses.
A forte puxada de preços do trigo no mercado externo ainda não afetou os preços internos. O produtor continua recebendo R$ 23 por saca pelo trigo negociado no Paraná.
Em 20 dias, as máquinas vão a campo para intensificar a colheita do cereal no norte do Paraná. Os produtores esperam uma melhora do clima que, neste momento, está muito úmido. Se persistir, esse clima poderia prejudicar a qualidade do trigo.
Veículo: Folha de S.Paulo