Concorrência chinesa desestimula produtor e a área plantada no Estado diminui 13%.
A produção de alho em Minas Gerais terá redução de 16% frente à safra obtida no ano anterior. O recuo também foi verificado na área plantada, que teve queda de 13% na comparação com 2009. O Estado deve colher, em 2010, cerca de 12,5 mil toneladas do produto. A área ocupada pela cultura é de 1,6 mil hectares.
Devido à redução das safras mineira e chinesa houve incremento de 28,3% nos preços do produto. Minas é o maior produtor de alho do país, sendo responsável por 25% do volume total. A redução é atribuída à concorrência com o alho chinês, que chega ao mercado brasileiro com preços mais competitivos.
A produtividade do bulbo cresceu em 2009, passando de 11,284 toneladas por hectare na safra 2007/2008, para 12,033 toneladas por hectare na safra 2008/2009. A relação deverá ser mantida na safra atual. O aumento da produtividade é atribuído à maior agregação de tecnologia ao plantio e ação benéfica do clima.
Produto chinês - A concorrência de preços do alho chinês com o produto nacional está travando a expansão da cultura em Minas Gerais. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o produto asiático chega ao país com preços mais competitivos. Cerca de 77% da produção mundial de alho vêm da China. O grande desafio para os produtores mineiros é reduzir os custos de produção, mantendo a produtividade e a qualidade altas.
"O mercado consumidor é promissor para o alho. O desafio do agricultor é ampliar a produtividade sem elevar os custos para que o produto apresente preços competitivos. Só assim será possível vencer a concorrência estabelecida com o produto chinês", avaliou o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez.
As expectativas em relação ao mercado são positivas. A produção de alho na China, que é subsidiada pelo governo chinês e entra no Brasil livre de taxação, deve sofrer redução devido a fatores climáticos desfavoráveis. A queda no volume produtivo poderá ampliar os preços do alho no mundo e no Brasil o que irá favorecer os produtores mineiros.
Caso o cenário seja confirmado, a expectativa para 2011 é de aumento da produção mineira. A redução na safra mineira já está causando impactos nos preços do produto. O valor de comercialização do alho mineiro, no entreposto das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), passou de R$ 6,15 para R$ 7,89 em julho, se comparado com igual mês do ano anterior. O aumento ficou em 28,3%.
Ainda segundo Albanez, o alho produzido no Brasil é insuficiente para abastecer o mercado interno. O país é o segundo maior importador do produto chinês, perdendo apenas para a Indonésia.
Os maiores estados produtores, além de Minas Gerais, são Goiás, respondendo por 24% do alho cultivado no país, seguido pelo Rio Grande do Sul, com representatividade de 20% e Santa Catarina que concentra cerca de 14% da produção de alho nacional.
"A dependência das importações ainda é muito grande. O Estado possui condições favoráveis para incrementar a cultura, que vão desde o clima até o mercado consumidor já consolidado", explicou Albanez.
A principal região produtora do Estado é o Alto Paranaíba, com o município de Rio Paranaíba se destacando com uma safra de 5,2 mil toneladas. Em segundo lugar vem Campos Altos onde serão colhidos cerca de 4 mil toneladas em 2010. A produção também é significativa em Santa Juliana, 3,2 mil toneladas.
Guarda-Mor, no Noroeste de Minas, e São Gotardo, também no Alto Paranaíba, somam 2 mil toneladas. Juntos, os cinco municípios respondem por 87% da safra total de alho mineira.
Veículo: Diário do Comércio - MG