Durante palestra dentro da programação do Prazeres da Mesa, pesquisadores falaram de seus trabalhos
Diminuição do tempo na preparação de alimentos, redução das disparidades regionais por meio de novas oportunidades de negócios e otimização de processos. As vantagens do desenvolvimento de pesquisas na área de alimentos e a criação de novas formas de processamento, assim como sua utilização na gastronomia, foram o tema de uma palestra, ontem, no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), como parte da programação do Prazeres da Mesa - Ao Vivo, que acontece até hoje, em Fortaleza.
De acordo com o professor Geraldo Arraes Maia, do Departamento de Tecnologia de Alimentos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), as pesquisas permitem que sejam concebidos produtos mais convenientes para os consumidores - como frutas sem sementes ou mais fáceis de descascar -, seguros e saudáveis. "Ao mesmo tempo, os estudos que estamos desenvolvendo permitem um melhor aproveitamento de algumas culturas", disse. "Um dos grandes desafios para o futuro está em ampliar a utilização do caju, tão comum em nosso Estado".
A estudante Dalva Álvares Machado apresentou uma pesquisa que desenvolve sobre o manejo do polvo. Para ela, o Estado precisa diversificar a pesca e buscar novos métodos de explorar a extração de produtos provenientes do mar. "Por isso, nossa pesquisa envolve também o desenvolvimento de técnicas que garantam ao polvo uma maior aceitação pelo público. Na Ásia, o molusco é bastante apreciado, mas, no Brasil, por conta de sua consistência, ele tem um alto grau de rejeição", explicou. "Há uma espécie de polvo que pode ser encontrada, por exemplo, em Itarema, e tem potencial para ampla exploração comercial".
Segundo o coordenador do curso de Gastronomia da UFC, Sandro Gouveia, a universidade já desenvolve um número considerável de pesquisas em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A instituição trabalha na produção de pasta de castanha, filmes alimentícios a partir de polpas de frutas, novas variedades de mel, produtos feitos com algas marinhas e óleos essenciais. O problema, acrescentou, é que falta associar esta produção científica ao uso na gastronomia. "O Ceará tem grande capacidade para liderar o movimento de utilização de artigos de produção local em receitas, mas é preciso, antes de tudo, difundir os produtos existentes", declarou ele.
Sandro ressaltou que já existem chefs interessados em testar algumas destas ideias. Por isso, defendeu, é importante investir no mapeamento e divulgação dos produtos disponíveis. "Há, por exemplo, queijos de cabra produzidos em Sobral", destacou o coordenador.
Ele lembrou ainda que existem muitos produtores, que atuam na área, porém longe da academia. São, geralmente, estrangeiros que investem no Ceará e cuja produção é totalmente destinada ao comércio exterior. É o caso, citou, de aspargos produzidos em Icapuí e sapotis cultivados no Eusébio. "É uma questão de quebrar barreiras e gerar a cultura de consumo".
Veículo: Diário do Nordeste