Com um recorde de vendas no primeiro semestre deste ano, o comércio varejista brasileiro atingiu um aumento de 11,5% ante o mesmo período do ano passado, por conta da elevação da renda, estabilidade econômica e dos níveis de emprego. Agora, com a enxurrada de novos consumidores e a perspectiva de a classe média continuar crescendo no Brasil e passar dos 113 milhões de pessoas até 2014, a perspectiva para o segundo semestre é manter o ritmo e repetir o nível recorde, principalmente por causa do perfil dessa nova leva de consumidores, que costuma gastar mais.
É o que afirma o sócio sênior da consultoria Gouvêa de Souza (GS&MD) , Luis Góes. De acordo com ele, a nova classe emergente começa a experimentar novos produtos em diferentes categorias de consumo e se encontra em um período de mudança de hábito. "Supermercados e eletrônicos sentem mais o poder aquisitivo vindo do crescimento da classe."
Quem confirma este dado é pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciada ontem, que indica o volume de vendas no varejo com alta de 11,5% no primeiro semestre, o melhor resultado para o período desde o início da série calculada pelo IBGE em 2001.
O resultado foi puxado por hiper- e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, cujo volume de vendas subiu 10,4% no primeiro semestre, seguido por móveis e eletrodomésticos, que registrou avanço de 20,6%. O resultado de junho de 2010 aparece igualado ao de junho de 2007: alta de 11,3% na comparação com igual mês do ano anterior, e foi o maior de um junho desde os 12,9% de 2004.
Segundo o presidente do Instituto Provar , Claudio Felisoni, hoje setores como hipermercados e eletros se destacam no momento da compra da nova classe C. Ele diz que os hipermercados, por exemplo, são alavancados pelas mulheres, que têm mais visão familiar no momento da compra. No setor de eletrônicos quem vai às compras são os homens, que são mais ligados em tecnologia. "Os dois setores movimentaram o varejo e tendem a movimentá-lo cada vez mais. O que eles têm em comum com os consumidores é que ambos são alvo das primeiras experiências de consumo da nova classe, que agora começou a ter novos hábitos de consumo", explicou o presidente do instituto.
Segundo Felisoni, o aumento do poder aquisitivo da população ajudou a estimular o consumo no setor, pois nos primeiros seis meses do ano houve um significativo aumento da massa salarial do trabalhador, o que ajudou a elevar o poder de compra do brasileiro.
A categoria supermercados, que inclui supermercados e hipermercados, respondeu por 50% do crescimento do varejo em junho. O setor cresceu 1,5% em volume de vendas em relação a maio. Contra junho de 2009, o desempenho teve expansão de 11,9%, diz a pesquisa.
Supermercado
Quem sentiu isso foi a rede de supermercados Giassi, localizada no sul do País. "Nossas vendas aumentaram 14% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao ano passado. As pessoas vêm mais vezes ao supermercado para experimentar novos produtos. O tíquete médio teve aumento menor, em torno de 5%. Hoje nosso tíquete varia entre R$ 45 e R$ 75 por cliente", afirmou o presidente do grupo, Zefiro Giassi.
O bom desempenho de móveis e eletrodomésticos no primeiro semestre, cujo volume de vendas no comércio varejista subiu 20,6% no período, também contribuiu para o resultado geral.
Quem sentiu isso foi a rede Ricardo Eletro, rede varejista de eletrodomésticos e móveis que entre fevereiro e abril deste ano registrou um aumento de 62% das vendas de televisores de LCD. Segundo o gerente de Linha Marrom da Ricardo Eletro, Amarildo Oliveira, houve aumento na aquisição de televisores LCD, principalmente por consumidores classes C e D. "A queda dos preços, aliada a promoções e financiamentos, é um dos fatores que atraem os consumidores." Segundo ele, os modelos mais procurados desses televisores são os de tela de 42 polegadas.
Material de construção
As vendas de material de construção no varejo aumentaram 9,6% no acumulado do ano até julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme estudo do Ibope Inteligência divulgado pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Com o resultado, o setor fica mais próximo da meta da entidade de crescimento em 2010, que está em 11%.
No ano passado o setor atingiu faturamento recorde de R$ 45,04 bilhões. Segundo o Góes, da Gouvêa de Souza, este setor tende a se crescer cada vez mais, por projetos do governo federal como "Minha Casa Minha Vida" e pelos juros mais baixos, que hoje giram em torno de 3% ao mês. "São setores ligados à área de construção civil devido à facilidade de liberação de crédito", explicou.
No primeiro semestre deste ano o comércio varejista teve um aumento de 11,5% de vendas, recorde histórico, graças à demanda alta da classe C, segundo redes como Ricardo Eletro e Supermercados Giassi.
Veículo: DCI