Varejo fica no zero em junho, mas aponta para recuperação no 3º tri

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As vendas no comércio varejista ampliado permaneceram em junho no mesmo patamar de maio, consolidando um segundo trimestre de recuo frente ao forte ritmo observado nos primeiros três meses do ano. O resultado de 0,0% registrado em junho na comparação com o mês anterior ocorreu mesmo com o aumento nas vendas em hiper e supermercados e de móveis e eletrodomésticos, principais componentes da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As quedas na comercialização de veículos e de materiais de construção funcionaram como âncoras, em junho. Descontados veículos e materiais de construção, as vendas no varejo cresceram 1% sobre maio.

 

Enquanto as vendas em hiper e supermercados, que representam cerca de 49,5% da PMC, ampliaram seu ritmo de crescimento entre maio e junho, passando de 1,1% a 1,5%, na comparação com o mês imediatamente anterior, as vendas de veículos, motos, partes e peças recuaram -0,6% em junho, depois de terem registrado 0,0% e maio e do mergulho de 19,1% em abril. As vendas de material de construção oscilaram ainda mais, com queda de 3,1% em junho, depois de alta de 2,4% em maio.

 
 
A desaceleração desses setores, no entanto, não configura trajetória. A avaliação dos economistas ouvidos pelo Valor é que questões estruturais, como o aumento da massa salarial - resultante da combinação entre salários em alta e desemprego em queda -, que tem mantido em alta os números de hiper e supermercados, devem manter a expansão nas vendas de material de construção. "Houve um ajuste, como ocorre em qualquer setor que cresce muito por meses a fio, que deixa a base alta. Mas não só a renda permanece forte, como o setor continua crescendo", diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.

 

O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) das fábricas de material de construção aumentou no segundo trimestre, passando de 89,4%, em abril, para 91,7%, em junho, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

Para Alexandre Andrade, economista da área de estudos setoriais da Tendências Consultoria Integrada, especialista em comércio varejista e indústria automobilística, os resultados fracos das montadoras no segundo trimestre são "claramente pontuais". Para ele, o fim da redução do IPI para a indústria automobilística em março foi determinante.

 

"Quem tinha que comprar carro comprou ao longo de 2009 e até março de 2010, porque os carros estavam mais baratos, com renda e crédito crescendo. É natural que os resultados subsequentes fossem ruins", diz Andrade. Para ele, a queda de 9,5% observada em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado ocorreu devido ao manejo da política de incentivos do governo. "O IPI reduzido ia acabar em junho de 2009, então foi um mês de vendas muito elevadas, o que forma uma base forte".

 

Para o IBGE, a retração é fruto não apenas dos efeitos do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no setor, mas também é reflexo do intenso volume de vendas nos últimos 12 meses. "Não é só IPI, também me parece fruto de demanda. Haja consumidor para comprar carro. Parece que agora arrefeceu um pouco", diz Reinaldo Pereira, economista da coordenação de serviços e comércio do IBGE.

 

A fase de baixa no varejo ampliado, no entanto, deve ter terminado em junho. O aumento da massa salarial e os novos hábitos adquiridos pelo consumidor brasileiro deverão contribuir para que o volume de vendas no varejo brasileiro suba entre 10% e 11% este ano, avalia Luiz Góes, sócio sênior da GS&MD, consultoria especializada em varejo e distribuição. O executivo lembrou que a massa salarial em junho subiu 6,9% em comparação com junho de 2009.

 

Para Andrade, as vendas de veículos em julho já sinalizam que o vale foi alcançado no segundo trimestre. Segundo dados da Fenabrave, federação da indústria automobilística, as vendas de veículos foi 6,4% maior em julho, após queda de 1,7% em junho, sempre na comparação mensal. "O resultado foi determinado pela alta de 7,3% de automóveis e comerciais leves, que vinham deprimindo os números do setor até junho", diz.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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