A redução de US$ 50 por tonelada no preço-lista da celulose, implementado pelas principais produtoras mundiais, não vai significar o início de um ciclo de queda do preço do produto. A previsão é das principais empresas do setor, como Suzano Papel e Celulose, Fibria e Cenibar. O preço de referência, que estava em US$ 920 por tonelada, caiu para US$ 870 nos principais mercados. No pico da crise, em 2009, o insumo era negociado a menos de US$ 400 na China.
Esse movimento de queda começou com a redução de preços da commodity na América do Norte, foi seguido pela Arauco e pela brasileira Fibria. Ontem, foi a vez da Suzano Papel e Celulose de informar que também acabou reduzindo o preço de seu produto.
A surpresa por parte dos produtores decorreu do nível de estoques mundiais, que estão em 25 dias de consumo, um índice considerado baixo ante a média histórica de 33 dias deste mercado. Para efeito de comparação, a queda dos preços durante a crise ocorreu depois de a estocagem alcançar o equivalente a 60 dias de consumo.
"Essa foi a primeira vez em quatro anos e meio em que estou na Suzano que vejo os preços caírem ao mesmo tempo que os estoques recuam no mercado internacional", destacou o presidente da Suzano, Antônio Maciel Neto, para quem essa queda pode ser interpretada como um ajuste ante a alta verificada desde o ano passado.
Para o assessor da presidência da Cenibra, Jedaias Jorge Salum, os preços deverão manter-se nesse patamar até o fim do ano. Ele lembrou que a recuperação se mostrou bem forte até o mês passado, tanto que os preços alcançaram US$ 850 por tonelada na China. Ele explicou, porém, que, como a demanda daquele país começou a se mostrar menos intensa que a de 2009, a pressão sobre os preços começou a aparecer. Contudo, o baixo nível de estoques ajudará a pelo menos a segurar os valores da commodity nos próximos meses.
"A demanda na América do Norte e na Europa ajudou a compensar a retração chinesa", afirmou Salum. "A expectativa com o cenário atual do mercado de celulose é andar de lado, em termos de preços. É possível que ainda tenhamos um novo ajuste, mais moderado, mas se isso acontecer a tendência é de recuperação até o fim do ano", apontou. Para ele, se houver a influência de traders chineses nessa pressão sobre os preços da celulose, essa não deverá durar muito, pois com a queda dos estoques e com o fechamento de fábricas obsoletas naquele país, que devem tirar do mercado de quatro a cinco milhões de toneladas, a demanda logo aparecerá e os preços deverão voltar a subir.
Essa expectativa de relativa estabilidade no preço da celulose de mercado é partilhada pela CNPC. Para o diretor comercial da companhia, Sérgio Killp, a perspectiva para os próximos meses, depois desse período de manutenção dos valores, é de alta. "A correção do preço de referência foi justa e o valor fixado deverá se manter por algum tempo", afirmou ele. "Pode ser que, daqui a alguns meses, o viés se torne de alta, pois há a perspectiva da retomada de compra de celulose por parte dos chineses", concluiu.
Para a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes, não existe um cenário de volatilidade, mas um equilíbrio entre a oferta e demanda global de celulose. Em sua avaliação, o retorno das operações de importantes produtores do Chile normalizou a oferta do insumo, e, consequentemente, os preços começaram a se acomodar. Ao mesmo tempo, continuou ela, em nota, as vendas para Europa e Estados Unidos vêm registrando retomada em relação ao período pré-crise, e dessa forma a tendência é de que os preços se mantenham nos patamares atuais durante todo o ano.
Expansão
Essa perspectiva de retomada é verificada com manutenção do plano de investimentos da Suzano. Segundo Maciel, o cronograma para as unidades do Maranhão e do Pauí continua de acordo com o programado. A empresa prevê que, no primeiro trimestre de 2011, inicie a aquisição dos equipamentos para as duas novas plantas.
No momento, a engenharia básica está em fase avançada e deverá ser terminada ainda este ano, porém com mudanças em valores e custos em comparação ao anúncio de 2008, quando os projetos foram apresentados. Ontem, a Suzano reportou queda de 69,3% do lucro líquido, com R$ 135 milhões, ante R$ 439 milhões. Essa retração foi explicada como o resultado do impacto do câmbio. A empresa encerrou o segundo trimestre com a maior receita líquida para o período, R$ 1,2 bilhão.
Os maiores fabricantes de celulose dizem que a redução de US$ 50 por tonelada no preço do produto, que aconteceu nos últimos dias, representou um ajuste de preço e preveemque a tendência é a cotação se estabilizar até o fim do ano. O preço de referência, que estava em US$ 920 por tonelada, caiu para US$ 870 nos principais mercados. O movimento de queda começou com a redução de preços da commodity na América do Norte e foi seguido pela Arauco e pela brasileira Fibria. Ontem foi a vez da Suzano de informar que reduziu o preço da celulose. Para a Cenibra, os preços deverão manter esse patamar até dezembro. A expectativa de relativa estabilidade é partilhada pela CNPC Guaíba. A Bracelpa, entidade do setor de celulose, diz que o cenário não é de volatilidade, mas de equilíbrio entre oferta e demanda global.
Veículo: DCI