Vulcabras/Azaleia compra briga global

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Grupo aposta na tecnologia para competir com as múltis do setor, como Nike e Adidas

 

Há três anos, quando a Vulcabras adquiriu a Azaleia, o grupo decidiu reunir suas áreas de desenvolvimento em um só lugar. Na pequena Parobé, a 75 quilômetros de Porto Alegre, nascia o maior centro de tecnologia de sapatos da América Latina.

 

A iniciativa é um indicador da importância que a tecnologia ganhou na empresa nos últimos anos. Entre 2007 e 2009, a Vulcabras/azaleia investiu R$ 280 milhões nessa área. E foram os tênis, que ficaram com dois terços de todo o dinheiro investido, o alvo da maior aposta do grupo.

 

A empresa é fabricante licenciada e distribuidora exclusiva da Reebok no País. Mas é com a Olympikus, marca própria esportiva da companhia, que a Vulcabras/azaleia decidiu se fortalecer para encarar a briga com as multinacionais do setor, como Nike e Adidas. "Antes de comprarmos a Azaleia, a Olympikus era a marca líder no volume de vendas. Agora, além disso, atingimos os níveis de preço e de tecnologia de qualquer marca internacional", afirma Pedro Bartelle, diretor de marketing da empresa e filho de Pedro Grendene, fundador e principal acionista da Vulcabras/azaleia, com 90% dos papéis da companhia. "Hoje, graças ao desenvolvimento tecnológico, temos preços que vão de R$ 100 a R$ 400. Quando compramos a Azaleia, o tênis mais caro custava R$ 199."

 

Com a ajuda de tênis mais sofisticados - os calçados esportivos respondem por 70% do faturamento -, a empresa se prepara para crescer 30% ao ano e quer internacionalizar a Olympikus. "Com a Copa e a Olimpíada no Brasil, queremos aproveitar a visibilidade que vamos ter para levar a nossa marca para outros continentes. Por que o Brasil não pode ter uma marca para competir em nível global?", pergunta Bartelle.

 

Passos tecnológicos. No meio do ano passado, a Olympikus lançou sua primeira tecnologia projetada para a prática de corrida. Vendidos a R$ 250, os tênis registraram até agora a venda de 200 mil pares.

 

Mas é o tênis mais caro da marca - e curiosamente não projetado exclusivamente para os esportistas - que tem tido o desempenho comemorado dentro empresa. A linha com tecnologia Zomax foi lançada no início do ano e em apenas seis meses vendeu um milhão de pares, antecipando para junho o cumprimento de uma meta que a empresa havia estabelecido para dezembro.

 

O tênis, vendido a R$ 400, chama a atenção pela tecnologia exposta - como torres e tubos de ar. "São modelos que permitem a troca de cores das torres de amortecedores e são os que mais vendem para quem quer conforto na hora de sair no fim de semana. É o segmento que responde pelo maior consumo de tênis no mundo hoje", explica Bartelle.

 

Com os novos modelos, nos primeiros três meses do ano, a linha esportiva cresceu, em valor, quase 30%. Trata-se de um ritmo quatro vezes maior do que o das sandálias femininas, chinelos e botas no mesmo período. Para Bartelle, a Olympikus mudou de patamar. "Já passamos da fase de dizer "vamos ver o que os outros estão fazendo". Agora os outros vêm nos ver. Já existem cópias de Olympikus na China. Estamos sendo observados".

 

Marketing. Além da tecnologia, o marketing é a outra arma de que a Vulcabras/azaleia lança mão para fortalecer a Olympikus. Há mais de dez anos, ela é a marca patrocinadora da Confederação Brasileira de Vôlei e também do Comitê Olímpico Brasileiro. "No país do futebol, o patrocínio dos esportes olímpicos estava em aberto. E a Olympikus foi inteligente ao se associar a esse nicho pouco assediado pelas marcas internacionais", afirma Eduardo Muniz, sócio-consultor da Top Brands. Para ele, houve uma evolução de valor da marca nos últimos anos. Mas ainda há uma distância muito grande dos players globais. "A construção de marca nesse mercado vai muito além dos atributos técnicos. Além de tecnologias inovadoras, é preciso trabalhar profundamente o lado emocional. Nesse aspecto, a Olympikus tem ainda um longo caminho a percorrer."

 

Para tentar diminuir essa distância, o grupo fez uma ofensiva no ano passado. "Nós conseguimos tirar o Flamengo da Nike. Assumimos em julho de 2009 e vendemos em 5 meses mais de um milhão de camisetas, volume muitas vezes maior que o do antigo fornecedor", diz Bartelle. "A fabricação própria e a rede de distribuição mantida pela empresa funcionam como diferenciais da Vulcabras/azaleia", diz Luís Fernando Pozzi, especialista em marketing esportivo e ex-gerente de patrocínio do clube.

 

O patrocínio também é instrumento de internacionalização da empresa. O grupo apoia três clubes de futebol argentinos e a seleção de vôlei do país vizinho, onde tem uma fábrica com 4,5 mil empregados que produz 60% do que se vende no mercado local. "Nosso primeiro passo será fortalecer a Olympikus no mercado latino-americano para, em seguida, avançarmos para outros continentes", explica Bartelle. Além da Argentina, a empresa tem escritórios na Colômbia, Peru e Chile.

 


Passos de gigante

44 mil é o número de funcionários da Vulcabras|azaleia. A empresa é a maior empregadora do setor

26 é a quantidade de fábricas do grupo. Uma delas fica na Argentina

40 milhões é o total de pares produzidos pela companhia por ano

R$ 1,9 bilhão foi o faturamento da empresa no ano passado

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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