O setor de cafeicultura mineira está enfrentando um momento que já está sendo considerado pelos produtores como crítico. A afirmação foi feita pelo presidente da Comissão Técnica de Café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), João Roberto Puliti, que destacou fatores como custos de produção, dificuldade de crédito e intempéries climáticas como os principais problemas desta safra.
Segundo Puliti, para piorar esse cenário, muitas propriedades foram atingidas no último mês por chuvas de granizo que chegaram a destruir cafezais inteiros. "Por outro lado, os cafeicultores ainda estão arcando com os altos custos dos insumos, que estão onerando ainda mais a atividade produtiva", enfatizou.
O momento é complicado, com produtores buscando os bancos para conseguir novos financiamentos, sem êxito no entanto, afirmou Puliti. "Como esses produtores que tiveram perdas não estão conseguindo apoio, já é forte a tendência de dispensa de mão-de-obra nos cafezais. Até os cafeicultores que não tiveram perdas em função do granizo, estão cogitando vender as propriedades por causa dos custos elevados e dos preços praticados no mercado", reforçou.
No mercado, especulações indicam que as intempéries foram responsáveis por perdas da ordem de 2 milhões de sacas, entretanto o representante da Faemg preferiu ser cauteloso e aguarda um laudo confirmando a informação. "Apenas com os números reais em mãos poderemos estudar uma possibilidade de apoiar os produtores com algum crédito adicional, visando manter a atividade economicante viável", salientou.
Sem apoio - De acordo com Puliti, até que o levantamento detalhado seja feito, os produtores não contam com apoio para superar essa situação. "O levantamento será feito pela Faemg com a colaboração da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), visando concentrar dados concretos para beneficiar o setor", explicou o dirigente.
Mas os problemas não param por aí. Os custos com defensivos e fertilizantes continuam em alta, enquanto os preços do café não são reajustados desde fevereiro de 2007. "Com esses custos, aliados à bianualidade do grão que promete uma safra menor para 2009, a presença do café brasileiro poderá sofrer concorrência forte por parte de produtores internacionais", observou.
Com esse cenário, e com as dívidas rurais pesando cada vez mais no bolso do produtor, o cafeicultor está enfrentando uma grande desafio, ressaltou. "Os produtores querem cumprir a obrigação, mas faltam cuidados e interesse com a atividade que envolve cerca de 8,5 milhões de pessoas trabalhando diretamente no segmento", enfatizou.
No Sul de Minas, a saca de feijão está sendo cotada em torno de R$ 250. De acordo com Puliti, existem produtores que estão sendo obrigados a comercializar a saca a R$ 220 para cumprir com seus compromissos e continuar produzindo com custos que giram em torno de R$ 300. "Diante dessa situação, se o governo não atentar para melhorias de preço, muitos produtores sairão dessa atividade no Estado. Trata-se de um cenário totalmente atípico", advertiu Puliti.
Veículo: Diário do Comércio - MG