Marcas regionais ganham espaço entre as líderes de vendas no varejo

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Pesquisa mostra que, neste ano, 95 empresas regionais ocupam a primeira ou a segunda colocação nas vendas de bebidas, artigos de higiene, limpeza e bazar. No ano passado, eram 84 as companhias regionais que ocupavam os primeiros lugares

 

Aumentou o peso das marcas regionais entre os produtos líderes vendidos nos supermercados brasileiros. Neste ano, 95 empresas regionais ocupam a segunda ou a primeira posição em vendas de alimentos, bebidas, artigos de higiene, limpeza e bazar, aponta a 38.ª Pesquisa Nacional de Reconhecimento de Marcas, feita pela revista "Supermercado Moderno". Em 2009, eram 84 companhias regionais que estavam entre as líderes.

 

Os 1.416 empresários do setor de supermercados, consultados em janeiro deste ano, indicaram uma média de 128 marcas diferentes entre as 3 mais vendidas em sua empresa para cada 191 categorias de produtos, o que resulta em 24.448 marcas na liderança de vendas.

 

Segundo o coordenador da pesquisa, Valdir Orsetti, esse resultado é um forte indicador do avanço das marcas regionais entre as líderes. "Se os empresários tivessem citado as mesmas três marcas para cada categoria, o total seria bem menor: 573 marcas diferentes", observa.

 

A pesquisa mostra que o peso das marcas regionais nas vendas é maior no Sul do País e na região que engloba Minas Gerais, Espírito Santo e o interior do Estado do Rio de Janeiro. No Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os supermercadistas citaram, em média, 28 marcas por categoria entre as 3 mais vendidas. Entre Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro foram 24 marcas em média citadas entre as 3 mais comercializadas.

 

Segundo Orsetti, alguns fatores explicam esse movimento. Com a estabilidade econômica, as empresas menores tiveram condições de oferecer produtos com qualidade equivalente à das líderes e preços menores. "Todo mundo está em busca de uma boa negociação", diz ele. Além disso, com o ritmo acelerado das fusões e aquisições no varejo de supermercados, as grandes empresas descobriram que tinham de preservar o mix local de produtos para manter a clientela.

 

Na gigante Walmart, por exemplo, que comprou a rede Sonae, no Sul, e o Bompreço, no Nordeste, as marcas regionais representam hoje entre 20% e 40% do faturamento entre alimentos e artigos de higiene e limpeza, informa a companhia.

 

A tendência se repete entre os pequenos supermercados. No Superbom, com duas lojas em Imbé, a 130 quilômetros de Porto Alegre (RS), por exemplo, a marca Oderich, do Rio Grande do Sul, lidera as vendas de milho verde e ervilha. No leite de caixinha, quem lidera são as marcas locais Santa Clara e Piá. Em água sanitária, a líder é a marca Girandosol, que desbancou a paulista Kiboa, que é 20% mais cara que a gaúcha.

 

"O gaúcho é muito bairrista, mas conta também a logística, que acelera a entrega do produto pelo fato de o fornecedor ser local", explica Calvino Ferreira da Silva, comprador da empresa.

 

No supermercado Vieirão, em Marataízes (ES), a marca Selita de Cachoeiro do Itapemirim (ES), lidera as vendas de iogurte, queijos e manteiga. "Aqui a Danone está em segundo lugar", conta Cesar Nunes Barbosa, comprador, reforçando a tese de agilidade rapidez nas entregas.

 

Tendência. "A marca regional é uma bandeira da preservação da identidade local", afirma Jaime Troiano, presidente do Grupo Troiano, consultoria especializada em marcas. Ele explica que o avanço das marcas regionais é uma tendência global, com motivação social. Isso tem impacto econômico: preço menor e maior agilidade na logística.

 

Com a criação da zona do euro, lembra Troiano, o que se esperava era que as marcas locais fosse engolidas pelas globais . "Mas o que se vê lá e em outras partes do mundo é a preservação das raízes na hora de consumir."

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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