Carrefour vai ter cinema em loja de SP

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Rede vai inaugurar a primeira sala de cinema dentro de um supermercado em São Paulo. Proposta é atrair o público com ingressos mais baratos e a praticidade de fazer compras e ver um filme no mesmo lugar.
 


Ao mesmo tempo em que os cinemas de rua enfrentam dificuldades, as salas localizadas em shopping centers vivem um momento de euforia. Quase sempre lotadas, ajudam a aquecer o consumo das praças de alimentação e lojas. O entusiasmo é tão grande que o grupo Carrefour resolveu aderir à ideia. Resultado: a cidade está prestes a ganhar novas salas de cinema, as primeiras instaladas dentro de um hipermercado.

 

A unidade escolhida foi a do Limão, na zona norte. Por enquanto, quem passa por lá vê apenas tapumes encobrindo a obra, mas parte do mistério é revelado nos letreiros "em breve cinemas".

 

O grupo não antecipa detalhes. Por meio da assessoria de comunicação, foi divulgada apenas a frase: "As salas de cinema no Carrefour fazem parte de um projeto que tem como objetivo facilitar o acesso ao entretenimento e lazer ao público". A nota é assinada pelo diretor de Galerias do Carrefour, Eduardo  Maculan.

 

Coube ao parceiro no projeto, a Inovação Cinemas, revelar algumas informações adicionais. O Carrefour Limão vai ganhar seis salas de exibição, no formato stadium, com capacidade para cerca de 1.400 pessoas.

 

Os projetores de 35 mm são de última geração, o que permite a exibição de filmes em terceira dimensão (3D), em que as imagens parecem saltar da tela. O ingresso deve ser mais barato do que nos cinemas convencionais, já que o objetivo é ampliar o acesso ao público, atraindo pessoas de todas as idades e faixas de renda.

 

A inauguração deve ocorrer ainda este ano, logo após a abertura dos primeiros cinemas do gênero, na galeria Sulacap, também no Carrefour, no Rio de Janeiro.

 

O projeto deverá ser ampliado para outras unidades da rede francesa, que só no Brasil tem mais de 500 lojas, por onde circulam diariamente 1 milhão de pessoas. Desta maneira, cerca de 200 novas salas de cinema devem ser inauguradas em todo o País.

 

Carência – Apesar do avanço, a Brasil ainda é carente no setor. De acordo com Adhemar Oliveira, parceiro no projeto através do Grupo Espaço e da Inovação Cinema, o Brasil já teve 3.500 salas de exibição, nos anos 1970, número que chegou a cair para 900 e hoje gira em torno de duas mil.

 

É muito pouco na comparação com o número de cidades e habitantes do Brasil. O ritmo de crescimento dos cinemas tem que superar o dos shoppings, já que eles têm o mesmo poder de atrair o desenvolvimento para a região onde estão instalados", diz.

 

Bixiga – Responsável pela programação de quase 80 salas de exibição em todo o País, que inclui o Espaço Unibanco de Cinema, Adhemar Oliveira começou na área nos anos 1980, na direção do Cineclube Bixiga.

 

Com o fim de um dos mais importantes redutos dos cinéfilos paulistanos, Oliveira se mudou para o Rio, onde criou o Estação Botafogo, nos mesmos moldes do que havia no Bixiga.

 

O sucesso atraiu patrocinadores e as salas se multiplicaram. "O legal é dar opções para quem gosta de cinema. Que elas possam assistir a filmes, de qualquer gênero, em diferentes espaços. Nas ruas, os cinemas valorizam o entorno. Num supermercado, e com preços mais baixos, eles vão ajudar a difundir a cultura", conclui.

 

E as salas do Carrefour devem se prestar à essa "difusão cultural", não apenas por meio dos filmes. A ideia é usar o espaço também em outras atividades educativas e de lazer voltadas para adultos e crianças.

 

Como acontece nos shoppings, os supermercados devem ser beneficiados com um público maior, já que será possível aproveitar uma sessão de cinema para fazer compras e vice-versa.

 

Estacionamento – Uma vantagem dos supermercados é o estacionamento gratuito, que vai garantir uma economia para o público. Atualmente, uma entrada inteira num cinema custa cerca de R$ 20, enquanto o preço do estacionamento pode superar a casa dos R$ 10, dependendo do tempo que se passa dentro do centro comercial.

 

O Carrefour ainda não divulgou o valor dos futuros ingressos, mas garantiu que vão custar bem menos do que nas salas que já existem na cidade.

 

Convencido de que as restrições ao estacionamento determinaram o fechamento de boa parte dos cinemas de rua, o jornalista e crítico de cinema Luciano Ramos defende que a Prefeitura estude uma solução para impedir o fechamento de outros cinemas paulistanos importantes e históricos, como o Belas Artes, na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação.

 

"As pessoas são empurradas para os cinemas de shoppings porque ali encontram infraestrutura, como estacionamento e segurança. Isso não significa que as pessoas tenham deixado de gostar do cinema de rua e nem todos têm condições de arcar com os gastos extras cobrados pelos shoppings", diz Ramos.

 

Ele apoia os cinemas em supermercados. "É uma ótima ideia. Gente que nunca foi ao cinema certamente vai ficar curiosa. Se assistir um filme e gostar vai querer repetir a experiência. Isso faz aumentar o público do cinema", conclui. "Além disso, o estacionamento é de graça, o que vai fazer com que muita gente troque os shoppings pelos supermercados", completa o jornalista.

 

Cinema nacional – Ramos acredita que a abertura de novos cinemas é fundamental para atender a crescente oferta de produções nacionais. "Cerca de 100 filmes são lançados por ano e a maior parte das salas é dominada por estrangeiros. Com novos cinemas, a tendência é que os exibidores abram espaço para os nossos cineastas", diz. "E quanto menor o preço maior a chance de atrair um público cativo", conclui.

 

Moradora do bairro do Limão, a funcionária pública Cássia Quaranta vai frequentemente ao supermercado e raramente ao cinema. "É muita correria, pois tenho dois filhos pequenos", justifica.  Com a inauguração das salas de exibição dentro do Carrefour, há grande chance dessa rotina mudar. "Vai ficar mais prático, já que é tudo no mesmo lugar. Além disso, vai ser complicado resistir ao apelo das crianças, se tiver algum filme infantil legal em cartaz", conclui Cássia.
 

 

Veículo: Diário do Comércio - SP
 

 


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