Pastagens sofrem com falta de chuva; leite cai e boi sobe

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O preço médio do leite pago aos produtores do país voltou a recuar em agosto, mas a seca em algumas regiões produtoras tende a segurar o movimento de baixa. Na pecuária de corte, a falta de chuvas poderia elevar as ofertas de boi, pressionando as cotações. Isso não vem ocorrendo, porém, já que há pouca disponibilidade de animais no mercado.

 

De acordo com levantamento da Scot Consultoria, em agosto, os produtores de leite receberam R$ 0,699 pelo litro da matéria-prima entregue em julho. O valor é 2,6% menor do que o registrado no mês anterior. "Não acredito em alta [no próximo mês], mas o clima pode segurar a queda", disse Rafael Ribeiro, analista da Scot.

 
 
Ele explicou que a falta de chuvas desde julho já afeta pastagens em regiões de pecuária leiteira, como o leste de Minas Gerais e o noroeste paulista. Nesse quadro, a produção tende a cair se os pecuaristas não fizerem a suplementação da alimentação do gado.

 

Metade dos laticínios pesquisados pela Scot no país já indica manutenção de preços no próximo pagamento, referente ao leite entregue este mês, de acordo com Ribeiro. Ele afirmou que as quedas recentes estão relacionadas à ainda elevada importação de leite em pó pelo Brasil.

 

A entrada de leite importado tem afetado os preços num momento em que os laticínios ainda desovam estoques e num cenário de produção maior. Entre janeiro e julho, o Brasil importou 29,85 mil toneladas de leite em pó, conforme dados da Secex compilados pela Scot. O número é bem inferior às 46,3 mil toneladas de igual período de 2009, mas pressiona as cotações o mercado. Em julho, foram importadas 4,650 mil toneladas, também abaixo das 6 mil toneladas de igual mês de 2009. Ribeiro acredita que os preços devem ficar mais firmes a partir de outubro, em parte refletindo o clima seco.

 

No mercado de boi gordo, a arroba segue em alta. Ontem, de acordo com o levantamento da Scot Consultoria, houve nova valorização em São Paulo, onde o preço chegou a R$ 90,50 a prazo, o equivalente a US$ 51,42, considerando o dólar do meio do dia.

 

A alta persiste nesse mercado, apesar da falta de chuvas na maior parte das regiões produtoras do país, porque a oferta de gado bovino é menor em função do ciclo de produção da pecuária. Mas também pode estar havendo alguma retenção por parte de criadores à espera de mais valorização.

 

Depois do forte abate de matrizes em 2005, o rebanho ainda não foi recomposto, segundo analistas. "A pastagem está ruim, mas a oferta não é maior porque não há gado suficiente para ser colocado no mercado", disse Gabriela Tonini, também da Scot.

 

A falta de animais já leva empresas a darem férias coletivas, como a JBS, em Colíder (MT). Procurada, a empresa informou que "as férias estão relacionadas única e exclusivamente com a programação que a empresa fez de férias coletivas das fábricas no segundo semestre de 2010".

 

O aumento de preços no mercado de boi gordo é generalizado. De 31 praças de produção pesquisadas pela Scot, 16 subiram ontem. Além disso, só em três delas - Oeste da Bahia, Maranhão e Alagoas - o preço registrado na quinta-feira não era o maior do ano, de acordo com a pesquisa. "No restante, é o maior desde o começo de 2010", observou a analista.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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