Crise afeta planos de supermercados médios

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A redução no crédito e o impacto externo começam a mostrar as garras no varejo e a impactar os planos futuros das redes médias. Algumas empresas vão esperar que a nuvem negra do cenário internacional se dissipe para voltar aos planos de abrir seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), como o Sonda Supermercados, 16º colocado no ranking do setor, com faturamento estimado em R$ 1 bilhão este ano, ante os R$ 832 milhões de 2007. Outros, como a Dicico, mantêm a estratégia de ir à Bovespa em 2011.

 

A mineira Bretas Supermercados, sétima maior do setor, anuncia que irá rever seus planos de investimentos para o próximo ano, em detrimento das três maiores do setor no País, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, que afirmam manter seus planos de expansão para o próximo ano, mesmo com a crise econômica mundial encabeçada pelos Estados Unidos batendo à porta do Brasil.

 

No caso da Bretas, a empresa reunirá sua cúpula para rever os planos para 2009, reflexo do estado de pavor em que se encontra o cenário mundial. A rede pretendia investir R$ 120 milhões na abertura e reconfiguração de lojas, mas, como a tendência é de arrocho na liberação de crédito para as empresas - fato anunciado, inclusive, pelo Banco do Brasil e Bradesco -, será decidido um novo rumo à Bretas nos próximos meses. "Nossa expansão dependerá da disponibilidade de crédito no mercado, pois até 40% deste valor seria proveniente de financiamento", explicou o presidente da rede, Estevam Duarte de Assis.

 

A meta para 2009 era obter um faturamento de R$ 2,3 bilhões, valor quase 28% maior ao esperado para este ano, previsto para chegar à casa do R$ 1,8 bilhão, incremento de 17% frente ao registrado em 2007. Responsável pela receita de R$ 1,5 bilhão ano passado, a rede, fundada há 50 anos por Ildeu Bretas com três irmãos, aplicará até o final deste ano R$ 100 milhões na abertura de cinco lojas e na reforma de quatro outras, no eixo Minas-Goiás. Desta quantia, 32% será capitalizada junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Hoje, a rede compreende 54 lojas.

 

Em entrevista recente ao DCI, o diretor de Operações do Supermercados Satmo, Eduardo Sumita, também afirmou que a crise mundial poderá impactar os negócios da rede, de pequeno porte, "a partir do segundo semestre do ano que vem".

 

Cenário

 

Segundo Martinho Paiva Moreira, economista e vice-presidente de Comunicação da Associação Paulista de Supermercados (Apas), a cautela dos varejistas de médio porte tem uma explicação, pois essas companhias dependem da verba de terceiros para financiar suas estratégias de crescimento. "A crise surtirá efeito nos planos dessas redes para 2009, principalmente nos daquelas que necessitam captar dinheiro de bancos", analisou.

 

Supermercadistas que planejavam fazer IPO (oferta inicial pública de ações, na sigla em inglês) entre 2009 e 2010 vão esperar mais um pouco para integrar o mercado de capitais. "Outra questão importante também é a relação dos private equities com as varejistas ou o avanço na compra de mais participações no mercado", disse o economista.

 

Um exemplo de rede que tem seu capital atrelado a um fundo é o Supermercados Gimenes, de Sertãozinho, no interior paulista, parte de cujo controle acionário pertence à GG Investimentos, do ex-ministro do Planejamento Antonio Kandir.

 

A diretora de Gestão do Bretas, Izabel Duarte, comentou que faz parte da política recorrer aos bancos para dar fôlego aos planos de investimento da empresa. "Fazemos empréstimo com o BNDES, mas, para o ano que vem, não sabemos se o valor será concedido ou não", teme a diretora, que divide a gestão com 11 primos e com irmãos, todos da segunda geração da família.

 

Gestão

 

Além de examinar novamente os investimentos futuros, o Bretas se esforça para aprimorar seus processos de gestão relacionados a despesa e receita. O intuito é ganhar mais musculatura para competir com as concorrentes mineiras grupo DMA - sexto lugar no ranking nacional e primeiro no estado -, detentor das bandeiras Epa, MartPlus e ViaBrasil, e a rede Supermercados BH, terceiro maior varejista de Minas Gerais e 15º colocado na categoria nacional. Somam-se a este grupo as três maiores supermercadistas do País, que avançam cada vez mais no interior dos estados.

 

A executiva do Bretas conta que foram constituídos três grupos que totalizam 40 profissionais entre gerentes e diretores para dar sugestões estratégicas para o desenvolvimento da companhia. "A idéia surgiu após alguns diretores assistirem workshops nos Estados Unidos", disse Izabel.

 

Concorrência

 

Um dos focos do Bretas para este ano e para 2009 será o Município de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, região que vai receber três novas unidades nos bairros Luizote de Freitas, São Jorge e Custódio Pereira, tendo os dois primeiros inauguração prevista para até novembro próximo, e o último, para maio de 2009. Nos empreendimentos serão gastos R$ 20 milhões e a projeção é atender cerca de 60 mil clientes.

 

Ainda no mercado mineiro, o Supermercados BH, que registrou faturamento de R$ 860 milhões em 2007, deverá fechar este ano acima de R$ 1 bilhão, o que corresponde a uma alta de 16%. Quanto ao número de pontos-de-venda, estima-se que sejam 86 até o final do ano, distribuídos por Belo Horizonte e região metropolitana. Para os próximos dois anos, o objetivo da rede é atingir o número de 100 lojas.

 


Veículo: DCI


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