A falta de entusiasmo do consumidor para as compras de Natal, principalmente em decorrência da crise internacional, vai obrigar os lojistas a refazerem as estratégias de vendas para o período. o que acreditam especialistas de entidades ligadas ao comércio varejista e economistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO.
Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado recentemente, mostrou que, em setembro, o nível de intenção de compras de bens duráveis para os próximos meses foi o mais baixo dos últimos dois anos (34%). Para o economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Fernando Sasso, trata-se de uma sinalização do mercado já devido à crise internacional.
Segundo ele, os lojistas precisam se atentar para alguns pontos fundamentais que podem garantir o sucesso das vendas. "O período é naturalmente favorável para o comércio e as expectativas são positivas. Acredito que os setores que têm uma relação mais direta com o crédito - que é o de bens duráveis - serão os mais atingidos", afirmou.
Para ele, deve acontecer uma migração de compras para outros segmentos. "Por causa da redução do crédito, os consumidores vão comprar menos produtos de alto valor agregado, que necessitam de mais prazo para pagamento. Os lojistas devem, então, procurar oferecer um mix de produtos a preços mais acessíveis, para contornar possíveis prejuízos", afirmou.
Diversificação - A chefe do Departamento de Economia da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, também defendeu a mudança na postura do empresariado durante o período que antecede as festas de fim de ano. "O lojista tem que trabalhar melhor o preço, mesmo que isso represente redução na margem de lucro. Tem que ter estoque variado, com diversificação dos itens. Consumidor cauteloso pesquisa mais antes de comprar", ressaltou.
Por outro lado, o economista da Fecomércio-RJ, João Carlos Gomes, acredita que não há motivos para alardes. Ele lembrou que os últimos meses do ano contam com fatores macroeconômicos positivos, como o aumento do emprego e da renda real do trabalhador. "Esses indicadores serão melhores que o Natal passado e podem compensar a falta de crédito", avaliou.
Já a previsão para o setor nos primeiros meses de 2009 não é tão positiva. Segundo o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Flávio Constantino, o grande desafio dos lojistas será manter um resultado positivo depois do Natal. "O problema não será tanto no primeiro trimestre, e sim no segundo, quando acabarem as liqidações. A dificuldade de crédito que começa a aparecer agora será sentida mais intensamente nesse período."
Veículo: Diário do Comércio - MG