Os setores de serviços e comércio anteciparam contratações e puxaram o desempenho positivo do mercado de trabalho formal em agosto. No mês, foram abertos 299,4 mil postos de trabalho, melhor resultado para agosto, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com esse resultado, também foi recorde o resultado dos primeiros oito meses do ano, quando foram criados 1,954 milhão de empregos formais. Esse resultado supera o mesmo período de 2008, antigo recorde da série histórica, iniciada em 1991. O governo tem uma meta de criar 2,5 milhões de vagas com carteira assinada em 2010.
No ano, serviços responde por 35% do total de empregos, enquanto a indústria responde por 26% e a construção civil, por 16%. Em agosto, o peso de serviços cresce para 43% e o de comércio vai a 21% (bem acima dos 12% da média de janeiro a agosto).
Embora tenha perdido fôlego em relação ao acumulado do ano, a indústria abriu 70 mil postos de trabalho em agosto, um resultado bastante expressivo, mas que não foi recorde da série - em agosto de 2004, foram criados 7, 1 mil postos na indústria de transformação. "O setor já contrata temporários nesta época para reforçar a produção para o fim do ano", observa o economista Fábio Romão, da LCA Consultores.
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, esvaíram-se quaisquer dúvidas sobre o "crescimento pujante" da economia brasileira no ano. "Os recordes no emprego formal são a prova cabal de que a economia retomou a onda de crescimento, depois de certa acomodação em junho, e de que não só vai muito bem, mas, principalmente, bem distribuído", disse Lupi.
Depois de prever que as contratações seguirão "melhor ainda" em setembro, na esteira dos preparativos para as vendas natalinas, Lupi destacou que em agosto, todos os 27 Estados registraram resultados positivos, sendo que em 13 deles o emprego bateu recorde para o mês.
Lupi destacou que embora o Sudeste tenha se destacado com o saldo recorde de 149,2 mil vagas, o Nordeste surpreendeu com aumento de 1,32% sobre julho de 2010, acima da média nacional de 0,86%. Puxado pelos setores sucroalcooleiro e alimentício, o Nordeste abriu 69,5 mil vagas no mês passado.
A área de serviços liderou as contratações no mês passado, onde quase todos os setores bateram recorde no mês, caso do imobiliário, hospedagem, ensino, transporte e comunicação e odontológicos, este último vem crescendo há cerca de dois anos, "na esteira do aumento de renda do trabalhador", segundo Lupi. O único a registrar segundo melhor desempenho para o mês foi o setor financeiro.
O ministro do Trabalho chamou ainda a atenção para a construção civil, cujos números, apesar de relativamente mais modestos do que a criação de vagas em serviços e na indústria, por exemplo, continua a mostrar forte dinamismo. Em agosto, a construção civil criou 40,1 mil empregos, com crescimento de 1,59% sobre julho, e o sétimo recorde mensal em 2010. "Vamos ter recordes consecutivos até novembro deste ano. O desempenho da economia, estimulado pelo consumo interno e pelos investimentos, puxarão esse comportamento", concluiu Lupi.
Veículo: Valor Econômico