As redes supermercadistas que focarem a operação apenas na venda de produtos estão fadadas a desaparecer nos próximos anos. A inserção da mulher no mercado de trabalho e a pressão por tempo nas grandes cidades motivam as companhias a investirem na conveniência para atender o consumidor.
Desde lojas pequenas a hipermercados estão modificando seus espaços para se adequar à nova realidade de consumo, passando a oferecer principalmente serviços como pratos prontos ou semi-prontos. Certos estabelecimentos têm, inclusive, refeições e lanches rápidos para os clientes.
O sócio sênior da consultoria de varejo e marketing GS&MD - Gouvêa de Souza, Luiz Goes, afirma que a tendência de modernizar os pontos de venda para oferta de serviços que agregam valor à operação vem do Exterior. "Isso implica em espaços menores para itens como alimentos, higiene pessoal e limpeza doméstica."
Goes lembra que há alguns anos não víamos tantas pessoas abastecendo frequentemente as gôndolas dos estabelecimentos, até porque o sortimento de produtos também cresceu. A área de cuidados pessoais, que era pequena, hoje ocupa um corredor inteiro.
"Muitas lojas pequenas e médias que não tinham seções como açougue, padaria e rotisseria. Estes espaços garantem praticidade aos clientes", acrescenta o sócio sênior da GS&MD. Atentas aos novos hábitos de consumo, algumas redes têm alternativas ao trivial arroz, feijão e maionese, incluindo no cardápio comida japonesa, pizzas e outros pratos mais elaborados.
O número de novos grandes supermercados, característicos da época da hiperinflação, quando as famílias faziam compras em grandes volumes com medo dos preços mudarem de um dia para o outro está diminuindo.
A estabilidade econômica somada em especial à falta de tempo e a comodidade de ir à loja mais perto de casa despertou nas redes a necessidade de apostar em lojas de vizinhança. O Grupo Pão de Açúcar investe na expansão do Extra Fácil, que ocupa menor espaço e está mais próximo dos clientes. Assim como o Carrefour com a franquia Dia e o Walmart com o TodoDia. O Grupo Pão de Açúcar está reduzindo também o tamanho da lojas Extra, dividindo o espaço com a marca Assai.
O especialista em varejo analisa que a categoria de bens duráveis com eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática estão ganhando espaço nos super e hipermercados. "As empresas vão se especializando no que são mais fortes em vendas."
Produtividade - Levantamento da publicação especializada Supermercado Moderno aponta que nos últimos dois anos, enquanto o número de lojas menores, que incluem o modelo de vizinhança e o atacarejo (formato que mistura o atacado com o varejo), cresceu, as vendas nos hiper e super avançaram lentamente ou até diminuíram. A área de vendas das lojas de vizinhança é 46% menor que a dos supermercados.
Veículo: Diário do Grande ABC