Empresa assume negócio que detém 40% do mercado nacional
A norte-americana Cargill, empresa com presença brasileira desde 1965, anunciou ontem a aquisição da divisão de atomatados da Unilever.
O negócio transforma a empresa em líder nos três segmentos dessa indústria (molho, extrato e polpa), com mais de 40% de participação no mercado nacional. A empresa pagará R$ 600 milhões pelo negócio.
A operação amplia a presença da Cargil no varejo brasileiro de alimentos e assegura à empresa o controle de marcas líderes do mercado nacional, entre os quais os molhos de tomate Pomarola e Tarantella, os extratos de tomate Elefante e Extratomato ou a polpa de tomate Pomodoro.
A empresa assumirá também a unidade industrial localizada em Goiânia, onde são processados por ano cerca de 300 mil toneladas de tomate. A Cargill controlará ainda uma rede de produtores de tomate com unidades agrícolas no entorno da capital de Goiás.
Após a venda da unidade industrial, a Unilever passará a ser uma cliente da Cargill na obtenção de atomatados, ingrediente usado nos produtos do segmento de comidas prontas.
Para Marcelo Martins, presidente da Cargill no Brasil, o negócio amplia o portfólio da empresa no mercado de ingredientes.
A Cargill já possui alguns dos produtos que integram esse segmento, como o óleo de cozinha (Liza, Veleiro, Purilev e Mazola), óleos compostos (Maria e Olivia) e maionese (Liza, Maria, Mariana e Gourmet).
SAÍDA
Além da produção local, a empresa detém as licenças de comercialização e distribuição de produtos como os azeites Gallo e La Española, as azeitonas Gallo e as massas Delverde.
"A avaliação é que a produção de atomatados ajude a complementar o portfólio de produtos no Brasil e nos permita reforçar o plano para sermos um grande fornecedor de alimentos no mundo", disse.
Martins afirmou que a Cargill só tomou a decisão de avançar no mercado de atomatados após a saída da Unilever. "Não queríamos competir com nenhum cliente estratégico, e a Unilever era um desses clientes. Como eles decidiram sair, nós então tomamos a decisão de disputar o negócio", disse Martins.
Segundo ele, essa posição pode ter contribuído para o sucesso da aquisição.
A negociação durou seis meses e o banco Santander foi a instituição financeira que assessorou a Unilever.
A Cargill não recorreu a bancos. Por ora, pretende bancar a operação com recursos próprios, mas isso ainda não está definido.
Embora líder, a Cargill deverá enfrentar concorrentes como a Hypermarcas (que detém a marca Etti), a Quero e a Fugini.
"Acho que há espaço para crescer, mas o primeiro passo será consolidar o ativo industrial que acabamos de adquirir com os demais da Cargill", disse Martins.
APROVAÇÃO
O negócio será submetido ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O objetivo da Cargill e da Unilever é fechar o negócio até o final deste ano.
Veículo: Folha de S.Paulo