Empresas planejam férias coletivas e revêem planos para 2009

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Um número maior de empresas e setores já cogita a concessão de férias coletivas este ano. Para quem isso já era regra, o número de dias pode crescer. Quem não adotava a prática, considera a possibilidade de fazê-lo, especialmente porque algum cliente importante já anunciou que vai parar a produção por alguns dias. E muitas empresas fazem previsões mais conservadoras para 2009. 

 

A Baterias Moura não arrisca dizer se o ritmo de crescimento até o fim do ano será o mesmo que obteve no ano até setembro, de 15% sobre 2007. "Temos conversado muito com as concessionárias e montadoras, que já estão puxando o freio de mão", diz Paulo Sales, vice-presidente da companhia. Por isso o executivo avalia se dará férias coletivas de fim de ano, seguindo a decisão de GM e Fiat. 

 

Para Sales, o impacto da turbulência deve se tornar mais forte no ano que vem. É o que ele considera para montar o planejamento de 2009: espera que as vendas para montadores fiquem estáveis e conta com crescimento de 8% no mercado de reposição, devido ao aumento da frota nos últimos anos. 

 

A fabricante de pneus Bridgestone-Firestone ainda não sentiu retração na quantidade de encomendas da indústria automotiva. Segundo Raul Vianna, diretor de assuntos corporativos, a empresa ainda está "tateando e tentando entender o que vem pela frente". "Dizer que não vai haver uma redução da demanda é mentira, mas ainda não sabemos quais serão os efeitos dessa crise", diz. 

 

Ele explica que a indústria de pneus já vem passando por um ano difícil, devido à forte concorrência com produtos importados. Um dólar mais valorizado, então, não ajudaria a combater esses competidores e tornaria o produto brasileiro mais vantajoso? "É cedo para dizer, porque a demanda deve se retrair no mundo todo e aí ficará mais difícil tanto para nós, quanto para os nossos concorrentes, vender mais", argumenta. 

 

O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis e de Vestuário de Blumenau e região (Sintex), Ulrich Kuhn, também diretor de exportação da Hering, diz que, embora sem a dimensão exata em números, há algumas certezas em relação ao impacto da crise sobre o setor: haverá queda das exportações acima do que vinha ocorrendo até então, por conta da retração da demanda mundial, e haverá recuo no mercado interno. "Já há diminuição de pedidos e adiamentos por parte do varejo", relata. 

 

Uma terceira certeza são as férias coletivas. "Na virada do ano, quem não dava férias coletivas, vai dar, e quem dava 10 dias, vai conceder 15 ou 20 dias." Segundo Kuhn, não é o caso de demissão, mas a produção "terá que ser adequada à nova realidade mundial". 

 

Bruno Henn, presidente da indústria de móveis Henn, localizada no Oeste catarinense, diz que o momento atual o tem deixado apreensivo. "Sinto o varejo mais retraído e reclamando das vendas. Só pelas informações negativas, o cliente já ficou mais cauteloso." 

 

Henn diz que as vendas sinalizaram uma redução de ritmo nos primeiros dias de outubro em relação ao que vinha ocorrendo em setembro. Em setembro, as vendas cresceram 18% em relação a agosto e 12% em relação a setembro de 2007. A empresa, contudo, preferiu ainda não revisar a meta de crescimento de 12% no ano como um todo em relação a 2007, mas pode ter mais dificuldades de atingi-la, segundo o empresário. 

 

A empresa também colocou em "stand by" um investimento que previa fazer no início de 2009, entrando em novos segmentos de produção. Hoje, seu carro-chefe são móveis para dormitórios. "Antes da crise, o investimento estava definido, mas agora é melhor ter cautela." Nos últimos anos, a Henn não vinha concedendo férias coletivas, mas neste ano existe a possibilidade de concedê-las. 

 

Ainda tentando avaliar o impacto da crise nos negócios, a AES Eletropaulo optou por ser conservadora no planejamento de 2009 a 2012. Segundo Roberto Mário Di Nardo, diretor vice-presidente de operações, a companhia previu que o consumo de energia ficará estável até 2012. "É difícil fazer alguma previsão neste momento. Então, preferimos não arriscar", explicou. Porém, até o momento, nenhuma mudança no consumo de energia foi sentida, diz ele. 

 

 
Veículo: Valor Econômico


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