A renovação de frota de caminhões em 2009 será um dos fatores que garantirá bom resultados durante o ano e afastará a crise do setor, que já começa a atingir a comercialização de veículos leves. "Não sentimos ainda nenhum reflexo. Os automóveis são mais sensíveis do que os caminhões, já que em nossa área a maioria das montadoras possui o seu próprio financiamento", afirma Paulo Alleo, vice-presidente de Desenvolvimento da Volkswagen Caminhões e Ônibus. De acordo com ele, a frota brasileira está velha e por isso, existirá demanda para substituição.
O mesmo cenário positivo já foi anunciado pelo responsável pela divisão mundial de caminhões Mercedes-Benz , Hubertus Troska. O executivo afirmou que os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) estão em boa posição. Ele alertou que a empresa verificará uma queda de 10% no mercado europeu, o que será compensado com o crescimento dos negócios na América Latina, com destaque no Brasil.
O País sobressai-se exatamente pelos altos índices de expansão que o setor tem registrado. No acumulado de janeiro a agosto, a produção de caminhões foi de 97.537 unidades, um número 28,6% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. "Há uma força muito rigorosa para caminhões novos. A produção está seguindo a demanda", afirma o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Scheneider.
A alta demanda é verificada pela Volks, que disputa com a Mercedes-Benz a liderança do mercado de semipesados e pesados. De acordo com o vice-presidente de Desenvolvimento da Volks, a empresa não possui estoque de caminhões, nem na fábrica, nem nas concessionárias. "Nós estamos aumentando a nossa produção mas não estamos conseguindo ter estoques, o que é saudável para a empresa", afirmou o empresário ao DCI.
Mesmo em momento de crise internacional, a empresa aumentará sua capacidade produtiva já no início de 2009. A produção diária de 220 unidades passará a 300 nos primeiros meses do próximo ano. A carteira de pedidos também é outro fator que ajudará a empresa a manter índices positivos de crescimento. "Até o meio do ano, dependendo do modelo, estamos com pedidos", afirma.
O interesse demonstrado pelo mercado brasileiro pelo presidente mundial da Mercedes-Benz também é notado pelas demais montadoras de caminhões. A Iveco, pertencente ao Grupo Fiat, aumentou, de janeiro a agosto, as vendas em 12 mil unidades. "Estamos com um ótimo ritmo de produção e fizemos um plano ambicioso de crescimento", afirma Marco Mazzu, presidente da Iveco na América Latina.
No Brasil, onde a participação no mercado total de caminhões chegou a 8,4% de janeiro a agosto, as vendas aumentaram para 12 mil unidades neste ano. "Estamos crescendo duas vezes mais em um mercado que está em forte expansão. Isso contabiliza um volume recorde para a Iveco e contribui para os resultados mundiais da empresa", disse Marco Mazzu, presidente da Iveco na América Latina.
Frota
Não só a substituição de caminhões antigos contribuirá para a movimentação da produção. A restrição da circulação de veículos pesados em grandes centros urbanos tem alavancado a renovação de frota, estimulando compra por modelos mais leves. A Iveco, por exemplo, já verificou, nos últimos meses, crescimento da demanda em 60% de uma de suas linhas de furgões. A Volks verificou crescimento de 36% das vendas de seus veículos leves. A montadora já pede 90 dias para atender os clientes.
Na Mercedes-Benz, de acordo com o diretor de Vendas de Veículos Comerciais empresa no Brasil, Gilson Mansur houve um aumento de 60% nas vendas dos furgões Sprinter Mercedes-Benz no período de janeiro a setembro. "Notamos também um aumento significativo nas vendas do caminhão leve Accelo 915 C, cujas vendas tiveram um aumento de cerca de 40%. ", afirma Mansur.
O setor de caminhões deverá, ainda, sentir nova mudança para cumprimento da legislação para a redução de emissões de poluentes em veículos movidos a diesel.
De acordo com Paulo Alleo, as montadoras e a Anfavea se reuniram na terça-feira com o governo para discutir a questão, já que afirmam que não receberam o novo combustível em tempo hábil para a adequação. De acordo com o executivo, "as negociações estão avançadas".
A renovação de frota de caminhões em 2009 será um dos fatores que garantirá bom resultado durante o ano e afastará a crise do setor, que já atinge os veículos leves.
Veículo: DCI