Varejista quer mais compras conjuntas com fornecedores

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O diretor de compras do Walmart Hernan Muntaner tem um sonho: juntar a gigante do varejo à fabricante de refrigerantes e salgadinhos PepsiCo para a compra conjunta de batatas por um preço menor do que qualquer uma das companhias pode conseguir sozinha.

 

Isso permitiria a ambas ganhar mais dinheiro com as batatas fritas que elas vendem nos supermercados Walmart. Até agora, a Pepsi não se mostra animada. Mas com as vendas caindo nos Estados Unidos e os preços do açúcar, carne e trigo em alta, a maior companhia varejista do mundo vem comprando junto com fabricantes de produtos alimentícios e artigos de limpeza uma parcela crescente de ingredientes puros dos produtos que vende em suas lojas. Os produtos que já estão sendo adquiridos junto com os fornecedores incluem o açúcar, que é usado nos refrigerantes de marca própria e vendido em sacos de 2,2 kg, e o papel, usado nas impressoras dos escritórios do Walmart. Muntaner sonha com o dia em que sua companhia fará isso com a maior parte dos produtos que vende.

 

"Constatamos que em todas as partes do mundo compramos as mesmas matérias-primas" que os fornecedores do Walmart compram, diz Muntaner, cujo cargo oficial é vice-presidente de alavancagem de compras internacionais. "Quando você coloca junto os volumes que compramos com o que os fornecedores compram, e compra tudo isso de um outro fornecedor só, pode reduzir os custos."

 

Isso tudo diz respeito à gigante do varejo fazer o que a tornou famosa: reduzir os custos em sua cadeia de fornecimento. E embora o Walmart já seja temido por muitos fornecedores por seu enorme poder de compra, ele está convencido de que pode fechar negócios ainda melhores consolidando suas compras com os parceiros. No momento, apenas os fabricantes de artigos que o Walmart vende sob sua marca aderiram ao chamado "programa de aquisição colaborativa".

 

Os fabricantes de produtos de marca não estão aderindo porque relutam em compartilhar informações sobre preços e fórmulas de produtos, segundo disseram executivos de três companhias abordadas pelo Walmart. A Pepsi não quis falar a respeito.

 

Muntaner diz que "na maioria dos casos" as companhias de marcas "são mais sofisticadas que nós" na compra de matérias-primas. "Mas percebemos que algumas vezes este não é o caso", acrescenta, sem ser mais específico. "Às vezes é muito difícil para uma grande companhia discutir coisas como essas", diz Muntaner. "É principalmente por isso que ainda não temos a Pepsi."

 

A principal atribuição de Muntaner é correr o mundo ajudando as divisões internacionais do Walmart, da China a Japão e Brasil, a encontrar meios da companhia, com seu enorme poder de compra, reduzir o que gasta com tudo, de papel para impressão a água engarrafada de marca própria. Cada vez mais isso significa vender os benefícios das compras colaborativas. Muntaner diz que uma fabricante de refrigerantes cujo nome ele não revela, uniu-se ao Walmart no Reino Unido para comprar açúcar. A fabricante de refrigerantes pagou 14% menos, diz ele. Os custos do Walmart com açúcar também caíram, uma economia usada para reduzir os preços das embalagens do açúcar que vende sob marca própria.

 

No Chile, onde o Walmart tem 259 lojas, o grupo uniu-se a uma fornecedora de papel e conseguiu reduzir seus próprios custos com papel em 2,5% em razão do maior poder de barganha. O Walmart também está comprando em conjunto arroz e poderá ampliar o programa para os produtos usados no dia a dia, como itens de lavanderia, vitaminas e hortaliças. "Podemos fazer isso com tudo que é vendido", diz Muntaner.

 

Essa é apenas a mais recente tentativa da companhia de reduzir o ritmo de crescimento das despesas. O Walmart já está consolidando sua lista de fornecedores, eliminando intermediários na distribuição em países como o Japão, e assumindo o comando das operações de caminhões de transporte nos Estados Unidos, num esforço para transportar produtos por preços menores. Doug McMillon, presidente do Walmart International, diz que a companhia está economizando centenas de milhões de dólares por ano com essas mudanças - e quer que essas economias superem o US$ 1 bilhão em algum momento.

 


Veículo: Valor Econômico


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