Fabricantes de eletrônicos já têm pedidos postergados

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"Alguns pedidos que já estávamos esperando pela indústria estão sendo postergados", afirmou ao DCI José Luiz Rubinato, diretor Administrativo e Financeiro da Yashawa Elétrico, empresa especializada em soluções para automação industrial.

 

A companhia, que fornece principalmente para os setores automotivo, siderúrgico, de máquinas e alimentos, está sentindo uma "paralisação do mercado". "A cautela é muito grande em nossa empresa, principalmente porque a flutuação cambial já está afetando nossos negócios", afirma o diretor da Yashawa.

 

De acordo com o executivo, os clientes da empresa necessitam do crédito para realizar investimentos, o que pode dificultar as vendas da companhia para a indústria .

 

"Nós estamos com dificuldade de fazer nosso planejamento e a situação vai ficar assim até termos alguma estabilidade", conclui Rubinato.

 

Já segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrico Eletrônico (Abinee), Humberto Barbato, o câmbio desajustado é um dos maiores problemas que chegou junto com a crise financeira.

 

"Estávamos esperando um final de ano muito bom, mas esta indefinição nos mercados poderá provocar uma revisão para baixo no faturamento das indústrias do setor", afirma.

 

O segmento estava projetando fechar 2008 com um crescimento de 11% em relação ao ano passado e atingir faturamento nominal de R$ 123,7 bilhões.

 

Para o presidente da Abinee, em função da forte variação da taxa de câmbio nas últimas semanas, as empresas estão com dificuldades para definir preços de venda para o mercado interno, e não sabem qual taxa de câmbio utilizar nas exportações.

 

Exatamente por conta dos impactos da crise, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) prevê reajuste dos preços entre 5% e 10%, principalmente devido à alta do dólar e seu impacto sobre os custos de produção.Isso porque grande parte dos componentes e insumos do setor é importado.

 

Crédito

 

"Os setores que requerem grandes volumes de crédito vão ter dificuldades já nos próximos meses, sendo que algumas empresas de pequeno e médio porte já vêm enfrentando esse problema, porque os bancos têm cortado suas linhas de crédito", afirma professor Antonio Licha, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

A fabricante de lavadoras, portas para refrigeradores e lâminas eletromagnéticas, Cosinox, ainda não sentiu reflexos da escassez de crédito no mercado brasileiro, mas sim no argentino, país para onde são destinados 80% da produção da empresa.

 

"Nós sentimos que lá o crédito já acabou. Em relação ao Brasil ainda não sentimos impactos", afirma Helber Minelo, gerente de exportação da Cosinox Eletrodomésticos.

 

A companhia, agora, aguarda para conseguir planejar o próximo ano. "Vamos ver se o mercado volta a se aquecer", afirma Minelo. O Grupo SEB do Brasil, ao qual a Arno pertence, também está em momento de espera. "Não estamos fazendo nada no momento, nem revendo o fechamento de 2008, nem planejando 2009", afirma o gerente do grupo, Luis Alberto Bourroul Ferreira.

 

Desaceleração

 

A Fame, fabricante de aquecedores, já cancelou projetos de novos produtos. "Já estamos nos preparando para uma produção menor", afirma Jacques Toutain, coordenador de Desenvolvimento de Produtos da Fame.A decisão foi realizada porque a empresa já verificou queda do número de pedidos.

 

Já a fabricante de bebedouros e purificadores de água IBBL, registrou cancelamento de pedidos vindos do exterior. "Com os clientes dos Estados Unidos já percebemos diminuição das compras", afirma Robinson dos Santos Junior, supervisor de Comércio Exterior da IBBL.

 

"O que temos feito para não entrar na crise é buscar novos produtos e mercados. Essa é a saída para pequenas e médias empresas", afirma.
Setores dependentes de crédito serão os mais afetados, eletroeletrônicos já prevêem aumentos de preços entre 5% e 10% por conta da crise, e empresas já têm pedidos postergados.

 

Veículo: DCI


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