O governo começa a acelerar as ações para resolver os gargalos existentes na área de transportes, necessários a uma boa performance na mobilidade dos turistas que devem chegar para a Copa de 2014 e caso o Rio de Janeiro seja escolhido, para sediar as Olimpíadas de 2016. Ontem, o Conselho Nacional de Desestatização (CND), formalizou resolução que indica as primeiras duas unidades aeroportuárias que devem ser concedidas à iniciativa privada no primeiro trimestre de 2009, mesmo período escolhido para a licitação do trem de alta velocidade (trem-bala) que ligará São Paulo e o Rio. O cenário deve ocasionar uma corrida da empresas privadas do setor aéreo, de construção e de concessões, em busca da exploração desses projetos. Os aeroportos escolhidos são o Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão) , no Rio, e o Aeroporto Internacional de Viracopos, na cidade paulista de Campinas.

 

O modelo da concessão para os aeroportos ainda é um mistério, mas o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, garantiu que um estudo, atualmente realizado por um grupo composto por membros da Casa Civil, Defesa, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) - possível fornecedor de linhas de crédito aos projetos - sairá a tempo e dará a tônica da concorrência, para o que chamou de "aeroportos-chave", e devido "às urgências do Galeão", como disse o Ministro.

 

Jobim explicou que a concessão dos aeroportos não vai interferir na intenção de uma futura abertura de capital da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

 

Recentemente, o atual presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, ao defender a abertura de capital (IPO na sigla em inglês) da empresa, disse que "em um setor que exige respostas rápidas, um IPO auxiliaria a que houvesse maior flexibilidade nas ações". Ele também sinalizou uma espécie de modelo para a concessão dos aeroportos.

 

Para Gaudenzi, o modelo ideal não inclui a venda dos aeroportos, mas um sistema de concessão em que as finanças de aeroportos superavitários, a exemplo de Guarulhos, Campinas, Congonhas e Brasília, gerariam receita para a manutenção das unidades não lucrativas, que não despertariam o interesse da iniciativa privada, mas que são necessárias ao sistema para garantir o que executivo chamou de "direito de todo mundo de voar".

 

Concessão

 

Cotadas por fontes como possíveis corporações a se envolverem com os projetos, empresas experientes no setor de concessão de rodovias, como a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) e a OHL Brasil, foram cautelosas ao comentar o assunto. Ambas têm setores de desenvolvimentos de novos negócios, que estudam constantemente oportunidades no setor de novas concessões nas áreas de transportes e infra-estrutura. A CCR, que já detém a concessão das principais rodovias, próximas ao entorno de Viracopos, afirmou que "no momento", não pode atuar no setor, "e para que isso aconteça, seria necessária uma assembléia geral de acionistas para mudar o objetivo social do grupo", descreveu a empresa, em nota.

 

O OHL Brasil, cuja a matriz espanhola OHL possui experiência em administração de aeroportos em alguns países, colocou em nota ao DCI, que "analisa todas as oportunidades de crescimento nestes segmentos, levando em consideração seu compromisso de investir com responsabilidade em setores que se mostram rentáveis para seus investidores", conforme mensagem.

 

A Odebrecht e a Gol Linhas Aéreas seguiram a mesma cautela das concessionárias. Procuradas pela reportagem, elas preferiram resguardar as suas estratégias nessa área. Gol diz que aguarda o amadurecimento do tema, e Odebrecht afirma não antecipar diretrizes estratégicas, mas diz estar atenta às oportunidades.

 

Infra-estrutura

 

Em relação ao trem de alta velocidade e a outras obras desejadas pelo governo, dentro do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o Ministro da Defesa, colocou nesta semana que a crise mundial não afetará os planos do governo na área infra-estrutura, incluindo ampliação de aeroportos e melhoria de portos.

 

Tanto que, na área portuária, Manaus terá o primeiro porto em novo modelo concedido à iniciativa privada, conforme disse o Ministro de Portos, Pedro Brito, ao confirmar que o decreto com o modelo para o leilão de portos deverá ser publicado até o final deste mês, estando previsto que os primeiros leilões sejam feitos no segundo semestre de 2009, incluindo a intenção de leiloar um porto na Bahia. Também há interesse de explorar portos em São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

 

Governo anuncia a concessão dos aeroportos de Viracopos e do Galeão e de um porto em Manaus, para o primeiro trimestre de 2009, período em que deseja licitar o trem-bala, de olho na Copa de 2014.

 

Veículo: DCI