Com demanda da agroindústria, Minas possui grande potencial para alavancar a produção de laranja
Os agricultores mineiros estão otimistas em relação ao mercado da citricultura e planejam expandir a produção para os próximos anos. O impulso para a ampliação do cultivo, principalmente de laranja, é proveniente do aumento da demanda pelas agroindústrias, uma vez que os pomares paulistas, Estado com maior representatividade no setor, apresentam incidência grave da bactéria que causa o greening.
Além do crescimento registrado na produção da laranja, o limão no Estado também está em um momento positivo. Os preços do limão, que está entrando no período de entressafra, giram em torno de R$ 18 a caixa de 20 quilos.
O valor é considerado satisfatório, porém ainda está abaixo dos preços registrados em igual período do ano passado, quando o volume era comercializado a R$ 25. A expectativa é que nos próximos dias ocorra valorização do produto devido à redução da oferta.
O Estado deverá produzir, ao longo deste ano, cerca de 5% a mais de laranja alcançando 790,6 mil toneladas do produto. O incremento é justificado pela procura crescente, principalmente por parte das indústrias de sucos e polpas instaladas em São Paulo.
De acordo com o coordenador técnico de Fruticultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Deny Sanábio, o Estado possui grande potencial para alavancar a produção de laranja. Além da demanda proveniente das agroindústrias os níveis de consumo do produto também estão em alta e a produção regional não abastece aos pedidos.
Demanda - "O crescimento registrado na cultura ainda é insuficiente para atender a demanda regional. O Estado é altamente dependente do fruto produzido em outras regiões do país, sendo que cerca de 90% da laranja comercializada em Minas são colhidas em São Paulo e na região Nordeste do Brasil", disse Sanábio.
O mercado para a laranja é considerado promissor, por isso muitos produtores estão investindo na ampliação da cultura em Minas, tanto no aumento da área plantada como na aplicação adequada dos insumos, o que favorece os níveis de produtividade e a qualidade dos frutos.
De acordo com Sanábio, os produtores mineiros devem ficar atentos em relação à contaminação dos pomares mineiros pelo greening. Ao longo deste ano foram identificados quatro focos da doença em território mineiro.
"Os citricultores devem observar os primeiros sintomas e tomar rapidamente as medidas para eliminar por completo a doença. A cautela é importante devido à facilidade de contaminação dos pomares, principalmente por Minas fazer divisa com São Paulo".
Segundo o levantamento divulgado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), o greening, considerada a pior doença da citricultura, afeta 36 mil árvores de pomares localizados em São Paulo. Somente em 2010 o aumento ficou em 56,52% sobre os 23 mil pés de laranja contaminados no ano passado.
Em relação ao levantamento de 2008, quando 17,8 mil unidades estavam contaminadas, a alta é de 102,24%, ou seja, a incidência mais que dobrou nos últimos dois anos. O Estado abriga a maior região produtora de laranja e é o maior exportador de suco de laranja do mundo.
Com o cenário econômico favorável para Minas Gerais, a área ocupada pela laranja também tende a crescer. Ao todo são 31,9 mil hectares ocupados pela cultura. A produtividade pode alcançar 35 toneladas por hectare, dependendo dos tratos culturais utilizados pelos produtores.
Um dos problemas a serem resolvidos pelo segmento é a instabilidade dos preços. A caixa de laranja, 40,8 quilos, voltada para a indústria pode variar de R$ 9 a R$ 50, dependendo da qualidade e da época de negociação.
Veículo: Diário do Comércio - MG