De olho no melhor período de vendas do ano, as ações do Pão de Açúcar são o grande destaque entre as recomendações para a Carteira Valor de novembro. Quatro entre dez corretoras colocaram os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) classe A da companhia em seus portfólios sugeridos para o mês.
A aposta em Pão de Açúcar está bastante calcada nas vendas de bens duráveis, que deverão se manter aquecidas neste fim de ano com a expectativa de estabilidade da taxa de juros e inadimplência sob controle, ressalta Mônica Araújo, responsável pelo departamento de pesquisa da Ativa Corretora.
Apesar de o papel ter subido 14,14% apenas em outubro, no acumulado do ano a valorização é de 3,74% - bem abaixo do desempenho registrado por outras empresas ligadas ao setor de consumo. Por isso, a recomendação é uma tentativa de pegar carona no consumo aquecido, mas numa ação que, em tese, ainda tem um bom potencial de valorização.
A ação do Pão de Açúcar ficou claramente para trás ante seus pares do varejo e, apesar de haver inúmeras dúvidas quanto ao processo de integração com a Casas Bahia, há potencial de alta, diz Wagner Salaverry, diretor da Geração Futuro Corretora. "O mercado hoje não consegue colocar no preço da ação o que está acontecendo na integração porque não há dados sobre a Casas Bahia", lembra. Na parte de alimentos, não há dúvidas sobre o crescimento, já que a empresa é líder e a renda está crescendo.
A grande questão é se o Pão de Açúcar, na operação Ponto Frio e Casas Bahia, vai conseguir aumentar as margens na área de eletroeletrônicos, afirma Salaverry. "Será que Casas Bahia e Ponto Frio conseguirão reduzir o número de parcelas a fim de ter um capital de giro melhor?" diz o executivo. "Essa é a grande dúvida, e o papel vem sofrendo com isso." A razão é que a Casas Bahia vende produtos em parcelas a perder de vista e, com isso, a empresa precisa antecipar seus recebíveis para ter capital de giro. O problema é que, como as parcelas são de mais longo prazo, o desconto na venda desses recebíveis tem de ser alto. E é justamente isso que o mercado espera que melhore.
Na visão da Itaú Corretora, o desconto no preço da ação ante outras companhias do setor vai se estreitar à medida que a divisão Casas Bahia aumentar sua visibilidade. O preço-alvo projetado para as preferenciais é de R$ 83,50 para 2011, o que embute um potencial de valorização de 25% ante os R$ 66,80 de segunda-feira.
Mesmo com as incertezas em relação ao papel, a Brascan cita como pontos positivos os dados macroeconômicos referentes à disponibilidade de crédito e aumento da massa salarial no terceiro trimestre. Isso confirma a expectativa da corretora de manutenção do crescimento do consumo no setor varejista. "Desta forma, decidimos inserir os papéis do Grupo Pão de Açúcar, por julgarmos que eles refletirão o aumento nas vendas", diz o relatório da Brascan. "Ressaltamos que a empresa pretende capturar a ampliação do poder de compra das classes C, D e E, principalmente, pela expansão orgânica para o Norte e o Nordeste". A corretora aposta também que a associação da Globex com a Casas Bahia deverá trazer sinergias positivas e elevar o portfólio de produtos da companhia, já no quarto trimestre deste ano.
Veículo: Valor Econômico