Enquanto o preço de eletrônicos cai 50% em um ano, os brasileiros terão R$ 14,3 bi a mais para gastar, o que deve levar a vendas recordes
Com R$ 14,3 bilhões a mais no bolso neste fim de ano em relação ao Natal de 2009, o brasileiro vai gastar menos para levar para casa eletrônicos e itens de informática de melhor qualidade e com preços quase 50% menores em relação aos do ano passado.
O poder de consumo do brasileiro aumentou com o avanço do emprego e dos reajustes de salário acima da inflação. Com isso, os consumidores receberão R$ 14,3 bilhões a mais no 13º salário de 2010 do que no ano passado, já descontada a inflação.
Esse aumento de renda deve garantir o maior Natal da história, apesar da queda de preços dos produtos. A receita do varejo em dezembro deve atingir R$ 88,2 bilhões e crescer 10,8% em relação a 2009, segundo projeções do economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Altamiro Carvalho.
Queda de preços. Levantamento feito a pedido do Estado pela empresa de pesquisa de preços Shopping Brasil mostra que as cotações de oito produtos (cinco TVs e três máquinas fotográficas), estão até 47,6% menores do que há um ano.
Já os itens da linha branca, três modelos de lavadoras e um de refrigerador, tiveram alta de quase 9% nos preços médios nos últimos 12 meses. A pesquisa, de âmbito nacional, foi feita a partir de produtos anunciados em jornais e encartes de 476 revendedores.
"A queda mais significativa ocorreu nos televisores. As inovações constantes justificam a redução de preços", diz Minoru Wakabayashi, responsável pela pesquisa. José Domingos Alves, supervisor geral das Lojas Cem, lembra que em 2004, quando a TV de plasma estreou no Brasil, custava R$ 20 mil. Hoje o aparelho mais moderno, a TV de terceira dimensão, sai por cerca de um terço desse valor. Ele conta que, mesmo após a Copa, as vendas de TVs estão vigorosas e o produto será a vedete deste Natal.
Nas contas do presidente da Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, a expectativa inicial de fabricar neste ano até 11,5 milhões de TVs pode ser superada. Em 2009 foram 8,9 milhões e o recorde ocorreu em 2006, com 13 milhões de aparelhos. "Perto de 70% das TVs fabricadas hoje são de tela fina. Mas, em valor, esses aparelhos respondem por 85% das vendas", diz Kiçula.
Assim como as TVs, computadores e máquinas fotográficas hoje estão mais baratos que um ano atrás. Marcos Betelli, gerente comercial de informática do Extra, diz que o preço médio do notebook vendido na rede, que era R$ 1.700 em 2009, caiu para R$ 1.450 este ano. O preço do netbook recuou de R$ 1.099 para R$ 950 no mesmo período.
Ele diz que a queda é resultado especialmente da mudança de tecnologia e do aumento da escala de produção. A desvalorização do dólar pesa menos, apesar de esses produtos terem muitos componentes importados.
Carlos Paschoal, gerente geral da Sony, diz que houve uma queda significativa nos preços da máquinas fotográficas digitais. Um equipamento de 10 mega pixels, que custava R$ 499 em 2008, sai hoje por R$ 329. "Sacrificamos margem, renegociamos com os fornecedores estrangeiros e tivemos ganho de escala. O câmbio não influenciou tanto", diz o executivo, que prevê crescimento de 160% de vendas de máquinas digitais no Natal.
A linha que mais vai crescer neste fim de ano será a de áudio e vídeo, com elevação de 15% sobre o Natal de 2009, prevê a Eletros. Mas na média das três linhas (eletrodomésticos, eletroportáteis e aparelhos de áudio e vídeo) o crescimento será de 10% nas quantidades vendidas.
Rodolfo França Jr., diretor de compras de linha branca da Máquina de Vendas, diz que está ocorrendo uma renovação dos eletrodomésticos: quem tem geladeira de uma porta está comprando refrigerador duplex.
Cláudia Sender, diretora de marketing da Whirlpool, confirma a migração de produtos de mais simples para os mais avançados, como das lavadoras semi automáticas para as automáticas. Para este trimestre, a empresa ampliou entre 15% e 20% a produção em relação a igual período de 2009. "Esse será o melhor Natal até o próximo Natal."
QUATRO RAZÕES PARA ...
O crescimento do consumo de bens duráveis
1. O volume médio de crédito ao consumidor cresceu 22% entre 2009 e este ano até setembro.
2. A taxa média de juros ao consumidor caiu 15% entre 2009 e 2010, de 48% para 41% ao ano.
3. O prazo médio dos financiamentos ao consumidor aumentou de 488 dias em 2009 para 525 dias neste ano até setembro, com elevação de 8% no período, segundo o BC.
4.Ampliação do número de trabalhadores empregados combinado com ganho real de salário devem injetar R$ 101,7 bilhões de 13º salário.
Veículo: O Estado de S.Paulo