Desempenho na Europa surpreende e Unilever lucra mais

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A Unilever, segunda maior fabricante mundial de bens de consumo, anunciou aumento acima do esperado nas vendas em volume, no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2009, beneficiada pelo consumo de produtos como desodorantes e sorvetes na Europa.

 

Excluindo aquisições, o volume de vendas global cresceu 4,8%, segundo comunicado divulgado ontem pela companhia anglo-holandesa. A mediana das estimativas dos sete analistas consultados pela Bloomberg era de crescimento de 4,4%.

 

O lucro líquido da multinacional subiu 19%, para € 1,25 bilhão, acima da estimativa média, de € 1,18 bilhão. As ações da companhia fecharam em alta de 5,5% na sessão de ontem em Amsterdã, cotadas a € 22,48.

 

"A Europa esteve muito bem em receita e nas margens", escreveu o analista Warren Ackerman, da Evolution Securities, de Londres, ontem, em informe. "Os mercados emergentes continuam muito sólidos em termos de volume, embora os preços tenham sido ligeiramente piores. Tendo em vista as imensas preocupações no início do trimestre, esperaríamos que as ações tenham uma alta razoável."

 

A Unilever reiterou a previsão de que os preços voltarão a subir no fim do ano, o que se estenderá por 2011. A empresa elevou preços, em comparação ao segundo trimestre, na Europa, mesmo tendo visto condições "difíceis" na Grécia, Espanha e Irlanda.

 

O crescimento da Unilever "na esfera regional [europeia] vai contra a lógica, com os mercados emergentes abaixo de nossas estimativas, mas os mercados desenvolvidos se saindo melhor", escreveu o analista Pablo Zuanic, da Liberum Capital. As vendas subiram 6,7% na Ásia, África, Leste Europeu e Europa Central, desacelerando-se em relação ao segundo trimestre.

 

"Houve uma ligeira desaceleração nos mercados emergentes", disse o diretor de finanças da Unilever, Jean-Marc Huet ontem, sem dar mais detalhes. A Unilever teve crescimento em países como as Filipinas, Vietnã e Chile, afirmou.

 

Nas Américas também foi registrada expansão, de 3,9%, puxada pelo aumento de 7% dos negócios na América Latina, especialmente no Brasil, que "continua o principal motor de crescimento de volume na América Latina", segundo a empresa.

 

Embora a empresa esteja conquistando mercado em várias áreas na Europa, "a verdadeira meta" é "um desempenho mais consistente", afirmou Huet. "O consumidor na Europa não está bem e isso continuará por algum tempo."

 

O volume de produtos vendidos no terceiro trimestre na Europa Ocidental subiu 0,6% em comparação ao mesmo período de 2009. No segundo trimestre, havia sido registrada queda. Em toda a Europa, houve queda de 0,3% no terceiro trimestre.

 

A Unilever pretende dobrar as vendas expandindo-se em segmentos de maior crescimento, como o de higiene pessoal, e aumentando sua presença em países em desenvolvimento, já que a fraca confiança dos consumidores em mercados como os Estados Unidos e Europa restringe sua expansão. Em setembro, a companhia acertou a aquisição da Alberto Culver por US$ 3,7 bilhões, sua maior compra em dez anos. Com a transação, adicionou a sua lista de produtos para cabelo marcas como a VO5 e Nexxus.

 

As empresas de bens de consumo enfrentam dificuldades na Europa, onde os cortes nos gastos dos governos para reduzir os déficits orçamentários têm gerado impacto negativo na confiança dos consumidores. A Beiersdorf, fabricante alemã dos cremes para a pele Nivea reduziu ontem suas previsões para os resultados anuais, em meio à queda de suas vendas na Europa.

 

A margem operacional, excluindo aquisições e variações cambiais, subiu 0,2 ponto porcentual, com os programas de economia de custos na Europa compensando o aumento das matérias-primas, como os ingredientes de seus produtos alimentícios e commodities, além dos gastos com publicidade e promoções em países emergentes.

 

A fabricante das sopas Knorr prevê que o preço dos artigos básicos subirá cerca de 2% este ano, com a maior parte dos ganhos concentrando-se no segundo semestre.

 

Os preços caíram 1,2% no terceiro trimestre, o que foi uma melhora em comparação ao segundo trimestre do ano, quando houve queda de 2%. A companhia já aumentou os preços de alguns produtos, como o chá, segundo Hued afirmou em teleconferência ontem.

 

A Unilever acertou a compra da unidade de detergentes e sabonetes líquidos da Sara Lee na Europa há mais de um ano, para expandir sua linha de produtos. A Comissão Europeia anunciou em outubro que prorrogou sua avaliação sobre a aquisição para 25 de novembro. A empresa "agora está nos últimos estágios de diálogo com Bruxelas" e espera "chegar a uma conclusão que seja satisfatória para todos até o fim do ano", afirmou Huet. (Tradução de Sabino Ahumada)

 

Veículo: Valor Econômico

 


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