Preço mais competitivo leva consumidor a trocar marcas tradicionais por novas
O consumidor brasileiro está deixando de comprar produtos de marcas tradicionais que, em geral, eram importados, e optando por marcas nacionais. “É uma tendência. E isso tem provocado até redução de preços”, diz o diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Daniel Plá.
Segundo ele, a tendência deve continuar, pois o consumidor, cada vez mais, está pesquisando preço. E quem sai ganhando com isso são as grandes redes de supermercados, que estão apostando em marcas próprias, acrescentou.
“Os [medicamentos] genéricos, nas farmácias, estimularam isso. No Brasil, o genérico fez o consumidor enxergar que pode ter o mesmo produto sem ter que pagar mais caro por ele.” Daniel Plá ressaltou que isso não se aplica apenas à classe média ou à média baixa: “o consumidor mais esclarecido está cada vez mais consciente disso e compara preços”.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), destacou o surgimento no mercado varejista de várias opções para o consumidor dentro de uma mesma linha de produtos. “A substituição ocorre quando marcas mais tradicionais apresentam aumentos de preço que não são seguidos na mesma magnitude por marcas que estão entrando no mercado e apresentam preços mais competitivos”, disse Braz à Agência Brasil.
De acordo com o economista, o surgimento de novas marcas resulta em benefício para o consumidor porque o ajuda a economizar sem perda de qualidade. Braz explicou que alguns produtos da cesta básica, como o feijão, acabam subindo muito de preço por problemas de safra. Com isso, o consumidor que não quer deixar de comer feijão, acaba optando por marcas menos tradicionais para economizar, “amortizando um pouco essa tendência de alta”.
André Braz ressaltou que os produtos de marcas menos conhecidas também ficam mais caros, só que o nível de preço continua mais baixo. Como o preço é mais competitivo, para não abrir mão do produto, o consumidor opta por comprar marcas que resultem em alguma economia. Assim, tais marcas acabam conquistando fatias importantes do mercado, à medida que caem no gosto do consumidor, e representando economia para quem as escolhe, disse Braz.
O presidente executivo da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Aylton Fornari, afirma, no entanto, que substituição de marcas tradicionais pelo consumidor brasileiro não é novidade. “É um fenômeno que ocorre sempre." Segundo Fornari, produtos novos aparecem constantemente nos supermercados, e o consumidor experimenta não só por causa do preço mais convidativo, mas também pelo fator da novidade em si.
O fenômeno pode ainda estar relacionado à ascensão de uma parcela das classes C e D da população, não se trata de uma coisa recente, destacou Fornari. “Desde a estabilização da moeda, isso começou a acontecer”. O aumento do poder aquisitivo do trabalhador melhorou, o que ampliou o consumo. “As pessoas passaram a ter mais condição de gasto, mas isso não é uma novidade muito grande”. O movimento ocorre nos supermercados há tempos, concluiu.
Veículo: EPTV