Produtos importados têm mais sucesso no comércio

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Enquanto o volume das vendas no comércio varejista ampliado cresceu 14,1% nos nove primeiros meses do ano, a produção industrial dos bens de consumo no mesmo período aumentou apenas 8,1%. Isso dá uma ideia da importância das importações no abastecimento do mercado doméstico - ideia subestimada, pois uma parte significativa dos bens de consumo aqui fabricados incorpora uma porcentagem não desprezível de componentes importados.

 

A análise dos dados do comércio varejista em setembro, divulgados ontem pelo IBGE, nos permite tomar consciência ainda melhor da relevância da importação no abastecimento do mercado interno. O comércio varejista cresceu apenas 0,9% em setembro, relativamente a agosto - e até acusou recuo de 0,7% no caso do comércio varejista ampliado, que inclui as vendas de veículos e material de construção. Embora medíocre, esse resultado não deve ser interpretado como indício de queda do poder aquisitivo da população - as vendas no mês anterior haviam sido muito elevadas e, em setembro, apresentaram crescimento de 15,2% em relação ao mesmo mês de 2009. Além disso, em razão do Dia da Criança (em outubro) e do final de ano, que exigiram formar algumas reservas financeiras, as vendas do mês se reduziram.

 

O que nos parece interessante é a distribuição das vendas entre os diversos setores. As de combustíveis e lubrificantes aumentaram 1,3%, em seguida a um mês em que o crescimento havia sido excepcionalmente elevado (3,1%), o que nos leva a pensar que os caminhões têm grande responsabilidade nesse aumento. O setor de alimentação sofreu um ligeiro recuo de 0,1%, em volume, explicado pela alta dos preços dos produtos alimentícios. Essa interpretação pode ser corroborada quando se verifica que, em valor, as vendas aumentaram 1,3%.

 

O que mais impressiona são as vendas dos equipamentos de informática e comunicações, com aumento de 5,5%; e de artigos de uso pessoal e domésticos, com 2,9%. Nessas categorias há uma concentração de produtos importados com preços menores. Isso aparece nitidamente quando se comparam o volume e as receitas da vendas. Para o comércio total temos, nos nove primeiros meses, elevação de 11,4% do volume e de 14,4% das receitas, mas para os equipamentos de informática e de comunicações os valores respectivos são de 25,3% e de 16,2%. Não há dúvida de que os preços convidativos desses bens contribuíram para aumentar a demanda, fenômeno que se deverá verificar amplamente no fim do ano.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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