Acordo afetará setor de lácteos

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O ingresso sem controle de lácteos no mercado do país deve causar impactos negativos na cadeia leite

 

O acordo de integração comercial entre a União Europeia e os países integrantes do Mercosul poderá impactar de forma negativa na cadeia leiteira do Brasil devido ao ingresso de volumes irrestritos, principalmente de soro e queijos, provenientes da União Europeia no mercado local.

 

Minas Gerais seria um dos estados mais afetados, por ser a maior bacia leiteira do país. O receio dos representantes do segmento é que os lácteos se tornem uma moeda de troca para abrir espaço para outros produtos brasileiros no mercado internacional.

 

De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Sant’Ana Alvim, no próximo dia 30 será realizada nova reunião entre os membros brasileiros envolvidos na negociação para discutir quais produtos brasileiros poderiam ser exportados e que trariam resultados positivos.

 

"O ingresso sem controle de lácteos no mercado brasileiro poderá causar impactos negativos na cadeia leiteira. Dentre os principais problemas está a provável redução dos preços do produto nacional, uma vez que a produção europeia possui vários subsídios o que favorece o aumento da competitividade frente aos produtos brasileiros. O acordo provavelmente será fechado, mas o Brasil precisa criar medidas para defender o mercado local e exportar também", disse Alvim.

 

O representante da cadeia leiteira também alertou que o governo brasileiro precisa ficar atento às negociações. "Precisamos oferecer uma cesta de produtos que possam favorecer o Brasil na comercialização com a União Europeia com produtos do agronegócio, carnes e grãos, e da linha branca, onde a competitividade do país é superior à europeia", enfatizou Alvim.

 

Proposta - Representantes do segmento, na última semana, tiveram acesso à proposta elaborada pela União Europeia que condiciona o livre acordo de comercialização com o Mercosul ao livre ingresso de queijos e soro de leite nos mercados brasileiro, argentino e uruguaio.

 

"Os representantes da UE estão interessados principalmente no mercado brasileiro por estar em plena expansão e ser maior que o dos demais países envolvidos. Por isso, é preciso que o governo seja cauteloso e evite que os produtores de leite sejam mais uma vez penalizados", disse Alvim.

 

O receio da categoria se deve aos subsídios ofertados aos produtores de leite da UE. Com os benefícios, o produto provavelmente entrará mais barato no Brasil e disputando lugar com os produtos nacionais.

 

"As importações de leite em pó, longa vida e derivados do leite provenientes da Argentina e do Uruguai já contribuem para a redução dos preços no mercado brasileiro. Com isso os produtores locais estão sendo prejudicados, é preciso encontrar formas de realizar o acordo sem prejudicar a rentabilidade do setor, que já é muito sensível devido à grande concorrência".

 

Preços - De acordo com Alvim, a tendência de preços para o leite em novembro e dezembro é de manutenção dos preços atuais com tendência de pequenas altas devido à oferta mais ajustada do produto.

 

Os preços ruins pagos ao longo da entressafra do leite já estão impactando no volume produtivo de Minas, que deverá ser reduzido para gerar maior rentabilidade. Além disso, a seca prolongada e o encarecimento dos custos de produção, principalmente o milho, também estão contribuindo para a redução da oferta.

 

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em outubro, o preço médio pago ao pecuarista de leite, referente à produção entregue em setembro, ficou praticamente estável, com variação negativa de 0,6% em Minas Gerais. O valor médio praticado no mesmo período foi de R$ 0,74.

 

"Com o aumento da demanda e a oferta menor, a expectativa para os próximos meses é que ocorra ligeira alta ficando entre R$ 0,01 e R$ 0,02 por litro de leite. Precisamos, pelo menos, estabilizar os preços e evitar novas quedas na cotação do produto", observou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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