Devido ao período chuvoso, a tendência é de redução dos custos na pecuária e do preço pago pelo leite
O Índice de Custo de Produção de Leite (ICP Leite), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Unidade Gado e Leite (Embrapa Gado e Leite), apontou que ao longo de outubro o custo aumentou 1,17% frente o resultado de setembro. O incremento foi atribuído à valorização do milho e da soja, principais itens que compõem o concentrado utilizado na substituição das pastagens.
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado e Leite, Alziro Vasconcelos Carneiro, com o resultado observado em outubro, a situação dos pecuaristas de leite em Minas Gerais continua desfavorável. Isso acontece uma vez que em outubro o preço recebido pelos produtores rurais se manteve praticamente estável, com variação negativa de 0,6%, se comparado com os preços vigentes em setembro.
Em outubro, a variação estadual ficou abaixo da média registrada no país onde o preço do litro foi avaliado a R$ 0,6974 com pequeno aumento de 0,76% frente a setembro. As informações são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em relação a outubro do ano passado, houve recuo de 0,15% e na comparação com igual mês de 2008 foi registrada alta de 14,4%.
A estabilidade do mercado registrada nos preços de comercialização se deve, principalmente, à estiagem observada em grande parte das regiões produtoras em setembro, que limitou o desenvolvimento das pastagens e, com isso, a produção de leite.
O preço máximo do leite em Minas Gerais, ao longo de outubro, foi de R$ 0,77, sendo o preço mínimo de R$ 0,63. A média estadual ficou em R$ 0,71. Ainda segundo os dados da Embrapa, no acumulado dos 12 meses foi registrado aumento de 0,5% nos custos de produção. Entre janeiro e julho o IPC Leite teve variação positiva de 1,77%%.
Insumos - De acordo com Carneiro, o aumento dos custos de produção em outubro se deve ao incremento nos gastos com concentrado e produção ou compra de volumosos que no mês anterior apresentaram variação de 1,36% e 1,40%. Os produtos possuem peso próximo a 80% na composição do índice de custos para a produção de leite.
"Somente o concentrado é responsável por 57,54% dos custos na produção de leite, principalmente no período de seca. A participação expressiva se deve à redução da oferta de pastagem e a necessidade de introdução de ração na alimentação dos bovinos. Para os próximos meses, devido ao período chuvoso, a tendência é de redução dos custos neste item, uma vez que a oferta de pastagem aumenta neste período", disse Carneiro.
Em outubro, dos sete grupos que compõem o índice, seis apresentaram alta nos preços. O grupo sal mineral apareceu em primeiro lugar, com aumento de 2,39%. Em seguida estão os grupos de produção e compra de volumosos, 1,40%, concentrado, 1,36%, e sanidade, 0,5%. Apenas o grupo de reprodução se manteve estável. A inflação observada no grupo sal mineral foi conseqüência de elevação no preço dos suplementos minerais.
O ICPLeite/Embrapa acumulado nos dez primeiros meses do ano teve aumento de 1,77%. No período analisado, três grupos apresentaram deflação: concentrado (1,70%), qualidade do leite (1,33%) e energia e combustível (0,34%).
A maior elevação no período ocorreu no grupo mão de obra, alta de 11,15%, repercutindo o aumento do salário mínimo ocorrido no mês de janeiro. Em seguida, com alta de 10,68%, aparece o grupo sal mineral.
O grupo produção e compra de volumosos apresentou variação positiva de 6,20%, influenciado pelo preço de insumos utilizados para produção de silagem. O grupo sanidade registrou inflação de 5,31% em função de elevação no preço médio dos medicamentos, e o grupo reprodução, que teve alta de 1,78%, foi influenciado pelo aumento no preço do sêmen.
Na comparação com outubro de 2009 o ICPLeite/Embrapa registrou alta de 0,50%. No período, a maior variação positiva ficou por conta do grupo mão de obra, que apresentou incremento de 11,25%. Em seguida ficou o grupo de sal mineral com variação positiva de 8,84%. Com 5,98% de alta apareceu o grupo sanidade. O grupo produção e compra de volumosos variou 5,76%.
Veículo: Diário do Comércio - MG