A próxima safra brasileira de café deve chegar a 42 milhões de sacas. O volume, o melhor da história para um ano de baixa produção devido à bianualidade da cultura, deve embalar o ciclo seguinte. Para 2012/2013, espera-se que o País supere a marca das 50 milhões de sacas. Os números são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No melhor no ano de safra cheia do Brasil, em 2002, foram produzidas 48,48 milhões de sacas.
Apesar das áreas de plantio do café não acumularem expansões nos últimos anos, a produção segue crescendo, segundo a Conab. De acordo com a estatal, a temporada 2010/2011 deve ser encerrada com 2.082.430 hectares, ante os 2.092.909 hectares cultivados no ano passado.
Este ano, a produção, que acabou em outubro, deve mesmo fechar em torno 47,2 milhões de sacas, o que representa um aumento de 19% ante a safra anterior, e apenas 2% se comparado à safra de 2008.
Para Airton Camargo, superintendente de Agronegócio da Conab, o setor está optando agora por qualidade e produtividade. "A área foi menor este ano e a produção foi maior, isso se deve à melhoria nas condições para o café. O produtor tem a expectativa de melhor preço; o tratamento que eles estão dando a planta é melhor e existem também novas lavouras. Tudo isso colabora para essa fase", afirma.
No interior de São Paulo, a produtora de café da Fazenda Nova Cintra, Ana Lúcia, atestou a tendência de investimentos para gerar mais qualidade ao grão brasileiro. "Estamos investindo muito, trocando lavoura, mecanizando processos para, dessa forma, conseguir mais qualidade e produtividade em nossas áreas. Sempre cuidamos muito bem da nossa lavoura, e ainda vamos melhorar bastante", disse.
Para Camargo, o resultado disso já é visível e, no ano que vem - que será de baixa produção - o Brasil poderá atingir uma colheita de até 42 milhões de sacas, reduzindo ainda mais a diferença entre anos de alta e baixa produção. "A diferença entre os anos está caindo, mas nunca será igual: em um ano a plantação rende mais e no outro, com a planta mais cansada, ela produz menos. Agora se não batermos o recorde este ano, o faremos em 2013, quando vejo uma produção superior a 50 milhões de sacas".
Ele também lembrou que os resultados deste ano, junto com a valorização do grão, serviu para dar mais confiança ao produtor, que conseguiu arcar com os custos e ainda guardar uma parte do lucro para futuros investimentos. "O produtor está vendendo a bons preços o café este ano. Com isso, os investimentos nas lavouras com irrigação, adubo e cuidados na limpeza podem ficar mais intensos, e melhorar a qualidade de seu produto".
"Ao que parece todos os ventos sopram para o lado do café, isso porque além de firmar um bom estoque, com a colheita deste ano, e obter bons preços em sua venda, o produtor contará ainda com a expectativa de estabilidade nos preços até o meio do ano que vem", afirmou Gil Carlos Barabach, analista da Safras & Mercado.
"Esta é uma alta consistente, pois tem fundamento nos estoques baixos e na escassez de café de qualidade. A safra do ano que vem do Brasil será uma safra baixa, então esperamos que até o meio do ano que vem teremos um mercado com os preços estáveis por conta da pouca oferta".
Para ele, o produtor teve neste ano um volume maior e um preço muito bom, que serviu para ordenar os gastos e planejar futuros investimentos tanto em qualidade quanto em produtividade.
Veículo: DCI