Bombril muda distribuição e estuda vender cosméticos

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Fabricante quer entrar na área por meio de nova marca ou aquisição

 

Após dois anos de resultados positivos, com expansão média anual nas vendas de 13%, a Bombril não deve repetir em 2010 o desempenho visto no passado recente. Segundo o presidente do grupo, Marco Aurélio Guerreiro de Souza, uma série de "decisões estratégicas" acabaram afetando os números da empresa nos últimos meses.

 

De janeiro a setembro, a receita bruta da Bombril cresceu apenas 1% e o lucro somou R$ 5,8 milhões, contra R$ 301 milhões apurados no mesmo intervalo de 2009.

 

"Foram ações tomadas de forma consciente. O ano de 2010 foi uma transição para nós", diz Souza. "Agora, estamos olhando para 2011, quando voltaremos ao crescimento de dois dígitos".

 

Uma das "decisões estratégicas" tomadas este ano tem a ver com o detergente Limpol, segmento que responde por 19% das vendas da empresa, que faturou R$ 1,1 bilhão em 2009. A Bombril decidiu proteger a rentabilidade do produto e não entrar na guerra de preços travada entre diversas marcas. Manteve a margem de lucro da linha, mas perdeu em volume. Essa perda acabou não sendo compensada pela manutenção do preço. Limpol é o segundo produto que mais contribui para resultados na Bombril. "Achamos que era o correto a fazer", diz o executivo.

 
 
Em vendas na Bombril, a mercadoria só perde para a lã de aço - produto que também ajuda a explicar o desempenho da empresa em 2010. As vendas da lã de aço do grupo devem crescer no máximo 3% neste ano, informa a empresa. Como a palha de aço é responsável por 38% do faturamento da Bombril, um desempenho tímido afeta os números. Como pano de fundo, pesa o fato de o produto ser alvo de uma forte concorrência da esponja sintética, segmento liderado pela 3M no Brasil.

 

Para diminuir a dependência de algumas linhas, os planos para o futuro incluem diversificar mais o portfólio. A Bombril estuda estrear nos segmentos de produtos pet, de limpeza de automóveis e até em cosméticos. Neste caso, a empresa poderia desenvolver uma marca ou fazer uma aquisição. "Queremos vender produtos para cabelo, cremes para pele, por exemplo. O plano é atuar nesse segmento em até dois anos", afirma Souza.

 

Além disso, a companhia, que desde 2007 é controlada por Ronaldo Sampaio Ferreira, filho do fundador, está mexendo no seu sistema de distribuição - ponto vital para fabricantes de bens de consumo. A empresa passou a fechar acordos de exclusividade com 30 distribuidores, que representarão a Bombril na venda direta ao varejo. "Queremos chegar a 45 distribuidores exclusivos", diz Souza.

 

Com isso, ela pode resolver uma questão delicada. Até então, a Bombril vendia diretamente para apenas 2 mil clientes do varejo (supermercados e mercearias). Isso porque boa parte da venda acontecia por meio de atacadistas, o que elevava o preço final da mercadoria e fazia com que nem todos os produtos da Bombril estivessem nas lojas de médio porte. Com os distribuidores, ela fica mais perto do varejo, mas para isso terá de investir em centros de distribuição e armazéns pelo país. Em 2011, a Bombril vai dobrar o espaço de seu CD no Recife (PE) e em dezembro começa a ampliar a área do CD na Rodovia Anchieta, em São Paulo.

 

Outra medida para impulsionar os negócios é o investimento em produtos de maior valor agregado - estratégia que também vem sendo adotada pelos concorrentes. A empresa não divulga valores, mas cita a linha Ecobril, com apelo ecológico. Mas os resultados só devem aparecer nos próximos anos. "Os itens lançados ainda não ocuparam o espaço perdido com o encolhimento nas vendas de produtos da Bombril que são 'commodities'", diz Antonio Coriolano Marques, sócio da RetailConsulting. Neste ano, a Bombril espera lançar 120 produtos e, em 2011, outros 100.

 

 
Veículo: Valor Econômico


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