A indústria de queijo é a que mais agrega valor ao leite,mas consumo é pequeno
De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos, (Abiq), Luiz Fernando Esteves Martins, o principal produto lácteo que deverá ser importado pelo Brasil é o queijo.
"A Europa quer exportar produtos com alto valor agregado que gere renda significativa para os produtores e empregos na Europa. Com isso, o setor brasileiro de lácteos teme ser usado como moeda de troca para beneficiar setores que querem se aproveitar do mercado europeu. No caso do leite em pó não há grandes riscos por ser uma commodities barata e que não irá remunerar significativamente o produtor europeu", disse Martins.
Em relação ao encontro promovido pelo Silemg, o presidente da Abiq considera essencial que o setor esteja unido para conquistar demandas conjuntas e particulares de cada Estado.
"O setor de laticínios tem demandas permanentes seja de âmbito estadual ou nacional, todos os Estados produtores enfrentam problemas como a tributação, a falta de normatização para o setor, acordos com o Mercosul e também acordos bilaterais como o da UE. Por isso, é essencial que o segmento esteja unido para superar estes empecilhos", disse Martins.
A indústria de queijo é a que mais agrega valor ao leite. O consumo do produto no país ainda é considerado pequeno por Martins. Por ano, o consumo per capita nacional de queijo gira em torno de quatro quilos do produto. Na Argentina a média gira em torno de 12 quilos por habitante ao ano e na Europa o consumo supera 23 quilos por habitante por ano.
Em relação ao desempenho do setor de queijos ao longo dos 10 primeiros meses, os dados da Abiq apontam que a produção e o consumo estão estagnados aos níveis praticados em igual período do ano passado. A expectativa é que ocorra aumento dos preços e dos volumes produtivos em 2011.
Potencial - "Estamos otimistas em relação ao desempenho do setor nos próximos meses. O mercado consumidor brasileiro tem grande potencial de crescimento, principalmente devido ao aumento do poder de compra dos consumidores que passaram a ter acesso a produtos de maior valor agregado. Acreditamos que o consumo per capita de lácteos irá crescer, mas até o momento estamos estagnados em torno de 140 litros de produtos lácteos por habitante ao ano, enquanto na Argentina, por exemplo, a média de consumo está em 200 litros ao ano por habitante há mais de 10 anos", disse o presidente da Abiq.
De acordo com o presidente do Silemg, Alessandro Rios, a indústria de laticínios em Minas Gerais deverá encerrar o ano com crescimento próximo a 5% no nível de produção. Apesar da queda registrada nas comercializações internacionais, principalmente leite em pó, o mercado interno conseguiu absorver a produção excedente, o que garantiu ao setor a possibilidade de crescer mesmo apresentando queda nos embarques de lácteos.
De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o faturamento das exportações mineiras de lácteos teve queda de 48,6% entre janeiro e outubro se comparado com igual período do ano passado. O montante ficou em US$ 27,125 milhões contra US$ 52,821 milhões obtidos no mesmo período de 2009. O volume exportado foi de 10,943 mil toneladas, com retração de 50,8%. A tonelada está avaliada a US$ 2,478 mil.
Segundo Rios, a queda brusca registrada nas exportações se deve à variação cambial. "A valorização do real frente à moeda norte-americana tornou as exportações do setor de lácteos inviáveis. Mesmo após a retomada da economia frente à crise financeira mundial a maioria das empresas do setor está apenas cumprindo os contratos e não firmando novos. Dependemos, assim como grande parte do setor agropecuário, do maior controle do câmbio para que as negociações se tornem novamente vantajosas".
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), Nilson Muniz, o encontro da cadeia brasileira é fundamental também para que o setor esboce novas estratégias e crie ações para incentivar o aumento do consumo de lácteos no país. O que poderia ser feito através da maior divulgação dos produtos e benefícios proporcionados a saúde. O setor de leite longa vida deve crescer cerca de 5% em 2010. (MV)
Veículo: Diário do Comércio - MG