O grupo Paraguaçu Têxtil, um dos mais tradicionais fabricantes de tecidos do país, sediado em Paraguaçu, no Sul de Minas Gerais, registrou alta de 25% nas encomendas no acumulado de janeiro a novembro deste ano na comparação com igual intervalo de 2009, segundo informou o gerente comercial da empresa, Héber Coelho. Apesar de manter sigilo sobre o faturamento da empresa, ele atribui esse desempenho à expansão do poder de compra das classes populares. "O país está passando por um momento de euforia econômica, com indicadores positivos que geram certo grau de otimismo, refletindo positivamente nos negócios."
Para acompanhar o ritmo da atividade econômica, Coelho disse que a empresa concluiu, recentemente, um investimento de R$ 13 milhões, sem recorrer a financiamento, na ampliação da capacidade de produção da unidade fabril mineira, que hoje é de 20 milhões de metros de tecidos por ano. Atualmente a fábrica opera com 20% de ociosidade.
O gerente comercial afirmou, ainda, que a empresa fará nova ampliação da capacidade instalada no próximo exercício. Para o primeiro semestre de 2011, está prevista a aquisição de duas máquinas de grande porte que deverão aperfeiçoar a produção. Um aparelho será adquirido na Alemanha e outro na Itália. O preço das máquinas não foi revelado.
Além da fábrica em Paraguaçu a empresa possui uma planta em Apucarana, no Paraná, voltada para a área de fiação. " onde produzimos a maior parte dos fios utilizados na unidade de Minas", disse. Ao todo as duas fábricas geram 500 empregos diretos sendo que 70% dos trabalhadores estão na unidade mineira.
Segundo Coelho a empresa possui representantes comerciais em todos os estados brasileiros, o que facilita o escoamento dos produtos para todas as regiões. "A demanda tem sido crescente em praticamente todas as áreas", observou.
Exportação - Além disso, parte da produção da Paraguaçu Têxtil, aproximadamente 10%, é destinada ao mercado externo, para países da América Latina. No entanto, de acordo com o executivo, a valorização cambial tem desestimulado este tipo de venda. "A participação dos negócios em outros países já foi maior", disse. Mesmo assim ele afirmou que uma das metas para o próximo ano é comercializar para alguns países da Europa. "Entendemos que há espaço naquele mercado", analisou.
Fundada em 1941, o grupo Paraguaçu Têxtil consolidou-se como um dos mais importantes produtores de tecidos do Brasil. Desde 1982 a fabricação do índigo blue (jeans) tornou-se o carro-chefe da empresa. O índigo Paraguaçu Têxtil é tradicionalmente valorizado pelo padrão de tingimento.
A companhia fecha o ciclo produtivo do algodão, do beneficiamento ao tecido acabado, passando também pelo processamento do caroço de algodão, de onde se extrai o línter, óleo vegetal e o farelo para ração animal. O grupo dispõe, ainda, de fazendas de criação de matrizes e reprodutores nelore, com genética selecionada para comercialização.
Na avaliação de Coelho os negócios deste ano poderiam ter sido ainda melhores não fosse a alta no preço do algodão. O produto é o principal responsável pela maior parte do custo dos tecidos. Hoje a arroba do algodão custa, em média, R$ 70. No mesmo período do ano anterior o preço médio era de R$ 45 a arroba.
A recuperação dos preços da fibra no mercado internacional está, inclusive, levando agricultores a uma retomada no plantio do algodão. A área plantada no Brasil neste ano deverá ficar entre 1,08 milhão de hectares, 29,3% a mais que na safra passada, e 1,14 milhão, 36,9% a mais, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção nacional deverá oscilar entre 2,56 milhões (aumento de 39,1%) e 2,72 milhões (mais 47,5%) de toneladas de algodão em caroço. A retomada ocorre em um momento de cenário favorável para o produtor, segundo os principais indicadores: os estoques internacionais estão baixos, por causa da frustração de safras anteriores, e a demanda se mantém aquecida.
Veículo: Diário do Comércio - MG