Técnicos do Ipem analisaram 60 marcas vendidas no Estado. Em dez, consumidores levam para casa produto menor que prometido
O Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) de São Paulo reprovou dez marcas de panetones, entre 60 fiscalizadas, após constatar que algumas das unidades traziam peso inferior ao informado na caixa. A fiscalização ocorreu em diferentes cidades do Estado entre ontem e anteontem.
Trata-se de uma parte das várias irregularidades encontradas em itens natalinos. No total, 37 de 200 lotes de produtos tinham problemas, ou 18,5%.
Em alguns panetones, havia infrações em quantidades significativas, como falta de 98 gramas em um produto que informava ter 700 gramas. O consumidor que levou produto semelhante pagou 14% a mais pela quantidade levada. No caso de um minipanetone com gotas de chocolate da rede Bimbo, o peso real era 5,2 gramas menor do que os 80 gramas informados na embalagem.
O Ipem encontrou ainda problemas em produtos vendidos e fabricados por minimercados ou padarias de Bauru, Campinas e São José do Rio Preto. A multa pela irregularidade pode variar de R$ 100 a R$ 50 mil. Em caso de reincidência, o valor dobra. As empresas têm dez dias para apresentar defesa ao Ipem.
As fabricantes disseram, de forma geral, que seguem a legislação e investigam o ocorrido, ou que já tomaram providências para evitar que erros pontuais aconteçam novamente.
Para o Ipem, os erros demonstram falta de cuidado com o consumidor. "O índice significativo de problemas que encontramos mostra um desrespeito em relação ao consumidor, que acaba muitas vezes pagando mais do que deveria", diz o superintendente do Ipem, Fabiano Marques de Paula.
Ele afirma que o consumidor deve exercer seu direito de pesar produtos antes da compra ou exigir a troca. Caso detecte irregularidade após a compra, pode pedir reembolso ou substituição do produto. "A participação do consumidor reclamando à nossa Ouvidoria quando suspeitar que está sendo lesado também é muito importante para acabar com essas irregularidades", disse.
Para a Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo, a diferença de peso constatada na fiscalização do Ipem provavelmente se deve a erros de cálculo. A entidade diz não saber precisar se vale para os panetones o processo de desidratação pelo qual passam outros pães convencionais, o que leva a uma perda de peso ao longo do tempo. "Os panetones têm açúcar e frutas que seguram mais a umidade", observa o presidente do sindicato, Antero Pereira.
Produtos. Além dos panetones, o Ipem encontrou problemas em pacotes de nozes, damascos, bolachas, uvas passas e amêndoas. Em um dos casos, uma embalagem que identificava 200 gramas de nozes tinha 81 gramas a menos do produto.
Produtos de enfeite das festas, como luzes colocadas em árvores de Natal, também vinham em quantidade menor do que a informada. Nas embalagens, havia menos guardanapos, lâmpadas e pisca-pisca. Os 18,5% de problemas encontrados neste ano nos 200 produtos examinados representam um resultado pior do que o encontrado na fiscalização do ano passado, de 13,2% em amostra semelhante.
Empresas afirmam seguir regras de pesos e medidas
A Bimbo afirma que não foi notificada do resultado da fiscalização e segue as regras de pesos e medidas. O Pão de Açúcar também diz seguir um rigoroso padrão de qualidade e informa ter adotado as medidas cabíveis para averiguar o ocorrido.
Segundo o Walmart, a falha em São José do Rio Preto foi pontual, no processo manual de fabricação. A rede disse que o fato não condiz com a excelência de seus serviços.
A Visconti diz que não foi notificada e vai apurar o fato. Afirma ainda que seus produtos seguem rigorosos padrões de qualidade e que trabalha de acordo com o determinado na legislação. A Hiperpan, de Bauru, disse que adotou novo padrão de fabricação.
Veículo: O Estado de S.Paulo