Fabricante de guardanapos e papel higiênico já teve três presidentes desde 2003
Após três tentativas com diferentes presidentes, no intervalo de sete anos, a Santher (Fábrica de Papel Santa Therezinha) voltou a ser comandada pela família Haidar.
Os controladores da companhia, fundada há 72 anos, decidiram na semana passada que o presidente do conselho de administração, Plinio Haidar Filho, passará a ocupar a linha de frente da empresa com a saída do executivo Carlos Trostli do comando do grupo. A mudança nos cargos, confirmada pela empresa ao Valor, já foi concluída. A Santher é dona das marcas Personal, Snob, Kiss e Sym.
Com receita bruta de R$ 860 milhões até setembro, a Santher cresce a uma média de 8% desde 2003, quando a companhia contratou Philippe Boutaud, o primeiro não-acionista a ocupar o posto de presidente da Santher. Depois dele, no ano de 2005, foi chamado para o cargo Antonio Werneck, que esteve no grupo até o ano passado. A saída de Boutaud e de Trostli, assim como a de Werneck, teve relação direta com as interferências da família no comando do negócio, conforme apurou o Valor.
Segundo executivos próximos à linha de frente da empresa, as decisões do dia a dia precisam passar pelo grupo de conselheiros da Santher. Isso começou a incomodar Trostli, que passou a bater na tecla de que era preciso autonomia para que o plano de expansão da empresa saísse do papel. Durante a administração de Boutard existia, inclusive, uma espécie de "conselhinho" dentro da companhia, formado em paralelo ao conselho de administração, e que acompanhava a operação nas decisões cotidianas.
Nos últimos anos, a Santher passou a investir em lançamentos e ações de marketing cada vez mais voltadas para área de consumo - ela atende também o segmento profissional. A mudança nos cargos acontece num momento de forte concorrência e necessidade de maior agilidade para reagir às investidas de concorrentes como Kimberly-Clark e Procter & Gamble
Santher muda comando e família Haidar volta para a presidência
O executivo Carlos Trostli deixou, na semana passada, a presidência da Santher, empresa dona das marcas de lenços Kiss, das toalhas e guardanapos Snob e do papel higiênico Personal. Sempre discreta, a família Haidar decidiu colocar no cargo Plinio Haidar Filho, até então presidente do conselho de administração da companhia e membro da terceira geração de herdeiros do grupo. Trostli ocupava o cargo desde o começo do ano. De janeiro a setembro, a empresa operava com aumento de 14% nas vendas, para R$ 860 milhões, mas acumulava prejuízo de R$ 31,5 milhões, como reflexo de aumento nos custos operacionais.
A saída de Trostli foi resultado da insatisfação dos controladores em relação à forma de gestão do executivo, que pleiteava uma maior autonomia para tomar decisões operacionais, conforme apurou o Valor. Aos mais próximos, o executivo chegou a comentar, nos últimos meses, estar insatisfeito com o nível de interferência dos controladores no negócio. Isso ocorreu ao mesmo tempo em que, ao longo de 2010, houve um aumento nas despesas operacionais e no custo de produção da empresa - reflexo, em parte, da elevação no preço da celulose, segundo informa o balanço do terceiro trimestre.
Trostli ficou cerca de um ano no cargo - antes disso, esteve por um ano e um mês da Construtora Tenda, da Gafisa, e três anos na Reckitt Benckiser. Com a nomeação de Haidar Filho para o cargo de presidente, Luiz Fernando Giorgi assumiu a presidência do conselho de administração da empresa. Giorgi já era membro do conselho.
Com essa mudança, a Santher, uma das mais importantes fabricantes de papéis do Brasil, encerra uma fase de tentativas de reformulações na gestão por meio da profissionalização no comando da empresa. A família deve permanecer no comando daqui para frente.
Nos últimos sete anos, a Santher teve três presidentes contratados no mercado: Phillippe Boutaud (que teria saído por conta de divergências com a família), Antonio Werneck e Carlos Trostli. Nesse período, o grupo registrou uma expansão média anual de 8%. A receita bruta passou de R$ 600 milhões em 2002 para R$ 1 bilhão previstos pelos analistas para 2010.
Com os últimos dois presidentes, Werneck e Trostli, a companhia passou a adotar uma postura mais agressiva, em termos de lançamentos e novos investimentos. Houve um fortalecimento de parcerias com pequenos varejistas e foram ampliados os gastos com novos maquinários para aumento de produção. A empresa chegou até a contratar a atriz americana Miley Cyrus para ser a garota propaganda dos absorventes Sym.
Veículo: Valor Econômico