Pomar de frutas raras

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Produtores paulistas adaptam cultivo de diversas espécies nativas e exóticas, com potencial comercial

 

Maná-cubiu, camu-camu, physalis, silybum, uvaia, bacupari, cabeludinha, araçá-boi. Nativas ou exóticas, estas e mais algumas dezenas de frutas quase desconhecidas têm em comum a iniciativa de alguns produtores engajados em difundir o cultivo em São Paulo. O principal motivo para popularizar estas espécies são suas propriedades nutritivas e medicinais, dizem os produtores. O camu-camu, nativo da Amazônia, tem 20 vezes mais vitamina C que a acerola e 100 vezes mais que a laranja. O maná-cubiu é rico em niacina (vitamina B3), indicado para controlar o colesterol, e pectina, substância que controla o diabetes.

 

São também frutíferas rústicas e resistentes a pragas e doenças, diz o produtor-pesquisador Arnaldo Moschetto, da Estação Experimental Santa Luzia, de Guareí (SP), que há dez anos estuda espécies frutíferas da Amazônia. “O maná-cubiu foi a primeira espécie que trouxemos. Fizemos melhoramento genético e separamos três variedades que se adaptaram bem aqui.”

 

Hoje o maná-cubiu é a espécie mais procurada. Conforme Moschetto, é uma cultura de ciclo anual e o plantio é feito por sementes. Começa a produzir sete meses após o plantio e a produtividade é de 3 a 5 quilos de fruta por planta. “Há alguns anos exportamos cápsulas de maná-cubiu liofilizado para os EUA e Europa. Este ano a demanda dobrou e tivemos de procurar parceiros.”

 

OPÇÃO

 

A Estação Experimental produz sementes e mudas de 15 espécies, nativas da Amazônia e exóticas, como pitaia, açaí, figo-da-índia, mirtilo, physalis (ou camapu) e silybum (ou cardo mariano), que é indicado para regeneração hepática. “O pequeno produtor que busca diversificação tem nessas frutíferas uma ótima opção”, diz.

 

Bem próximo à Guareí, em Campina do Monte Alegre, o produtor Helton Josué Teodoro Muniz é conhecido como colecionador de frutas raras. Ele cultiva 664 espécies, sendo mais de 400 nativas. “Muitas espécies, como a uvaia, têm grande potencial. É um nicho que deveria ser mais explorado”, diz o produtor, que há 16 anos dedica-se a esse tipo de cultivo.

 

A mais recente “descoberta” de Muniz é um fruto chamado juá-açu, da mesma família do maná-cubiu, rico em vitamina C. “É um arbusto e começa a produzir rápido. É uma boa opção para produção em pequenas propriedades”, diz. Outras atrações no pomar são a exótica sapota preta, nativa do México, da família do caqui. O que chama a atenção é a cor da polpa, preta. “Lembra pudim de chocolate e produz muito bem em São Paulo”, diz Muniz. “O problema é que a árvore, plantada a partir de semente, leva oito anos para produzir. Com enxertia, já com dois anos começa a frutificar.”

 

ÁREAS DEGRADADAS

 

Em Paraibuna, no Vale do Paraíba, outra iniciativa tenta mostrar o potencial de frutíferas nativas e exóticas. Em um sítio de 10 hectares, o produtor Douglas Bello cultiva cerca de 6 mil árvores de mais de 90 espécies. “O projeto começou com a idéia de usar árvores frutíferas nativas para recuperar áreas degradadas”, explica Bello.

 

Atualmente, as espécies mais difundidas são a uvaia, o cambuci e a pitanga, todas da mata atlântica. Mas outras espécies vêm ganhando espaço, como bacupari (cerrado), cabeludinha (mata atlântica), jaracatiá (mata atlântica e cerrado), umbu (caatinga), castanha-do-pará (Amazônia), araçá-boi e camu-camu (Amazônia). “De algumas espécies ainda estamos resolvendo algumas questões, como melhor forma de manejo. Mas todas têm potencial e demanda”, acredita.

 

Saiba mais:

Estação Experimental Santa Luzia, tel. (0--15) 3258-2023
Sítio do Bello, tel. (0--11) 3664-7976
Sítio Frutas Raras, tel. (0--15) 3256-1852

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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