Citros pigmentados, comuns na Itália, são ricos em antioxidantes e betacaroteno. Dia quente e noite fria é o clima ideal
Em no máximo cinco anos, o Brasil terá condições de produzir comercialmente variedades de laranjas pigmentadas, que além de vitamina C, apresentam alto teor de nutrientes como os antioxidantes antocianina e licopeno. A previsão é do pesquisador Rodrigo Rocha Latado, do Centro Apta Citros Sylvio Moreira, em Cordeirópolis (SP), ligado ao Instituto Agronômico (IAC), que desde 2005 pesquisa o potencial das variedades sanguínea e de polpa vermelha para cultivo no Estado de São Paulo.
O pomar experimental tem dois anos e meio e já começa a mostrar resultados. Conforme o pesquisador, para produzir bem as plantas de variedades sanguínea, por exemplo, bastante comuns na Itália, precisam de clima com amplitude térmica diária elevada, ou seja, dia quente e noite fria. “Estamos testando o plantio no sul do Estado, na região de Paranapanema”, diz.
Ele explica que as variedades sanguíneas têm coloração roxa intensa, pois contém antocianina, um antioxidante. Mas para manter essa substância a fruta precisa de contato com clima frio após a colheita, “senão a polpa fica clara, como as laranjas comuns”, explica. Além dos experimentos em Paranapanema, o pesquisador testa alternativas no caso de o clima frio não ser suficiente. O melhor resultado obtido foi com a conservação da fruta em câmara fria por 30 a 40 dias. “Com isso a polpa volta a ter pigmentação.”
TRÊS ORIGENS
Já as variedades de polpa vermelha, diz o pesquisador, não requerem condições climáticas específicas ou manejo pós-colheita para manter a coloração da polpa. As laranjas desse grupo são ricas em licopeno, agente antioxidante, e betacaroteno, substância provitamina A. “Alguns trabalhos associam o consumo diário de licopeno ao combate do câncer de próstata.” Estão sendo estudadas três variedades desse grupo: uma de origem brasileira, outra argentina e a terceira venezuelana.
Conforme o pesquisador, o próximo passo é estudar as características agronômicas, como tamanho da planta, resistência a doenças e pragas, produtividade e manutenção dos teores nutritivos após a colheita. “Pelo que estamos vendo, é promissor”, acredita Latado.
Os primeiros resultados da pesquisa sobre o potencial e valor nutricional de laranjas pigmentadas em São Paulo foram apresentados na sexta-feira, durante o 8º Dia da Laranja, em Cordeirópolis (SP).
Veículo: O Estado de S.Paulo