Após comprar a Mantecorp por R$ 2,5 bilhões e fechar o ano com 11 novos negócios, empresa decide que 2011 será o ano de 'capturar sinergias'
Depois de fechar a maior aquisição em oito anos de empresa - a compra do laboratório Mantecorp -, o presidente da Hypermarcas, Claudio Bergamo, decidiu que chegou a hora de consolidar os negócios e partir para o crescimento orgânico. Só neste ano, a companhia fez 11 aquisições, num desembolso de cerca de R$ 4 bilhões. Agora, segundo Bergamo, é o momento de "dar um acalmada, capturar as sinergias e consolidar as empresas adquiridas".
Apesar de ter mudado momentaneamente de foco, Bergamo diz que não vai desligar o radar para possíveis aquisições. "É como se fosse o intervalo de um jogo de futebol. É hora de nos restabelecermos, mas vem mais jogo por aí", avisa. Afinal, "toda aquisição puxa para uma nova aquisição".
Ao adquirir a Mantecorp - um negócio de R$ 2,5 bilhões, sendo R$ 600 milhões em dinheiro e o restante em ações -, a Hypermarcas se torna a maior indústria farmacêutica nacional e segunda do ranking entre as maiores empresas do setor com atuação no Brasil. De quebra, consolida a liderança em medicamentos isentos de prescrição (OTC) e ganha musculatura no mercado de dermocosméticos, apontado por Bergamo como promissor. "A próxima geração de produtos no Brasil, dentro de dois ou três anos, virá da junção de produtos de higiene e beleza com a área farmacêutica", destaca.
Com a aquisição da Mantecorp, a Hypermarcas vislumbra um maior poder de barganha nas negociações com clientes, além de ampliar sua presença nos pontos de venda e na relação com a classe médica. Atenta às oportunidades na relação com o mercado externo e no potencial de desenvolvimento de produtos a partir dos medicamentos desenvolvidos pelas controladas Farmasa/DM, Neo Química e Mantecorp, a Hypermarcas projeta o lançamento de até150 novos produtos até 2012.
A aquisição ampliará a competitividade da Mantecorp, empresa que terá uma gestão independente ao longo de 2011 e deverá fechar este ano com geração de caixa (Ebitda) de R$ 120 milhões. Segundo Bergamo, a aplicação de um plano de captura de sinergias deve elevar o Ebitda da empresa para R$ 245 milhões, com base em dados anualizados projetados para o primeiro semestre de 2012. Ao término do primeiro semestre de 2013, o Ebitda anualizado já deverá ter subido para R$ 275 milhões.
A receita líquida da Mantecorp, por sua vez, deverá cair de R$ 572 milhões em 2010 para R$ 510 milhões ao encerramento do primeiro semestre de 2012 - por causa de um processo de queda de receita que já está em curso na empresa -, voltando a subir a partir de meados do mesmo ano. "Em 2012 entramos em uma nova fase de crescimento acelerado da companhia", ressalta Bergamo, para quem a receita líquida da Mantecorp deverá atingir R$ 587 milhões após uma segunda fase de captura de sinergias na empresa, entre 2012 e 2013.
Após definir a aquisição da Mantecorp com seus controladores, o próximo passo a ser dado pela Hypermarcas deverá ocorrer em janeiro, quando será a vez de os acionistas da companhia deverão definir o negócio em assembleia.
Veículo: O Estado de S.Paulo