Alimentos: Em segundo lugar vêm os molhos e derivados de tomate
Os panetones são os produtos que mais têm marcas próprias do varejo, conforme o 16º Estudo Anual de Marcas Próprias feito pela Nielsen. De cada 100 marcas de panetones, 38,6% pertencem a supermercados e até a padarias. Os derivados de tomate vêm em segundo lugar, com 32% de participação das marcas que levam o nome dos varejistas. Os envoltórios de alimentos (como papel alumínio, filme plástico e outros), com 30%, surgem em terceiro lugar; seguidos dos guardanapos de papel, com 27,7%; e os pães de queijo, com 27,7%.
O Brasil tem hoje 65.880 itens de marcas próprias no varejo, segundo o estudo. Esse número é 18% maior em comparação a um ano atrás. Apesar do crescimento, a participação das marcas próprias no total dos produtos ainda é baixa: 4,8%, em relação ao faturamento total do varejo. Na Suíça, esse número salta para 46%. Nos Estados Unidos, para 17%, e no Chile, para 7%. No Brasil, conforme o estudo, 18,6 milhões de consumidores escolheram algum tipo de produto marca própria no primeiro semestre deste ano.
Mas por que os panetones são o produto com maior participação nesse segmento? Primeiro, porque esse é um mercado que movimenta mais de R$ 2 bilhões em apenas três meses do ano (outubro, novembro e dezembro). A marca líder, a Bauducco, é dona de mais da metade das vendas. O restante é disputado por marcas que têm bem menos tradição - terreno em que as marcas próprias conseguem ganhar mais mercado, uma vez que a chancela do nome do varejista acaba passando mais confiança ao consumidor.
Essa concorrência, porém, não chega a incomodar a PandurataAlimentos, dona da Bauducco. Com a marca líder e também com a Visconti, a empresa registrou crescimento de mais de 80% em volume nos últimos seis anos para panetones, item que representa 25% das vendas da companhia. A empresa espera produzir 58 milhões de unidades neste Natal, 15% mais em relação ao ano passado. Segundo Paulo Cardamone, diretor de marketing da Bauducco, a concorrência está, sim, mais acirrada com as marcas próprias. Mas o mercado consumidor do produto tem crescido ano a ano, o que fomenta o avanço da marca. "O crescimento das marcas próprias no Brasil reflete o desenvolvimento do canal autosserviço", diz João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento a varejistas da Nielsen.
Mas não foi a categoria de panetone a que apresentou maior crescimento de participação das marcas próprias. Com avanço de 61% de participação em comparação ao mesmo período do ano passado, os produtos classificados como bebidas não alcoólicas foram os que mais ganharam concorrentes com nome de varejistas em 12 meses (a contar de agosto). Os sucos prontos tiveram um aumento de 95% de participação dessas marcas. Hoje, elas já representam 7,8% da categoria.
O grande atrativos das marcas próprias, por muito tempo, foi o preço, em média 20% mais baixo que as líderes. Mas se engana quem pensa que só os consumidores de menor poder aquisitivo optam por esses produtos. O estudo mostrou que a maior parte desses compradores tem nível socioeconômico alto, está na faixa etária entre 41 a 50 anos e reside em lares de quatro pessoas. "É crescente o número de consumidores de classes mais altas que procuram por itens de marcas próprias, o que demonstra que esses produtos estão entregando qualidade a seus consumidores. E isso representa um grande potencial de mercado", diz César Gasperini, responsável pelo estudo da Nielsen. A pesquisa também mostrou que, atualmente, mais de 330 empresas (entre supermercados, atacadistas e farmácias) atuam com marcas próprias.
Veículo: Valor Econômico