Com novas regras, transporte de carga por ferrovia triplicará

Leia em 5min 30s

O setor ferroviário terá novas regras para o transporte de cargas a partir do fim de janeiro, que triplicarão o volume de cargas de produtos e insumos transportados por esse meio, com exceção do minério de ferro, que já usa muito esse tipo de transporte. A afirmação é do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, ao anunciar as medidas.

 

Segundo Figueiredo, as novas regras têm o objetivo também de combater a ociosidade, pois dos cerca de 28 mil quilômetros de linhas ferroviárias do País, 18 mil quilômetros estão subutilizados, dos quais a metade não é utilizada. "Ou a empresa coloca essas linhas em condições de trafegabilidade ou devolve as linhas para o governo", alertou. Apenas 10 mil quilômetros de linhas, segundo ele, têm passagem de pelo menos um trem por dia.

 

Para o diretor-geral, as estatísticas usadas atualmente de que o transporte ferroviário responde por 25% do transporte de cargas no País estão superestimadas. Ele observou que esse índice é da década de 70 e que esse percentual deve ser inferior a 10%. "A única coisa que tem medida é o minério. E não temos levantamento do que é transportado pelas rodovias, mas pelos números do faturamento do setor e de consumo de combustível, [o setor ferroviário representa] menos de 10% [do transporte de cargas]."

 

A ANTT publicou no dia 17, no Diário Oficial da União, três resoluções com novas normas para o setor. A primeira estabelece os procedimentos de operações de direito de passagem e tráfego mútuo, visando à integração do Sistema Ferroviário Federal. A segunda fixa os procedimentos para pactuação das metas de produção e segurança por trecho para as concessionárias de serviço público de transporte ferroviário de cargas e a adesão ao regime de metas de segurança por trecho para os transportadores ferroviários de cargas. A terceira estabelece o regulamento de defesa dos usuários dos serviços de transporte ferroviário de cargas. "Tem que destravar o setor. E essas três resoluções destravam", garantiu Figueiredo.

 

Segundo Bernardo Figueiredo, as novas normas mudam a relação das ferrovias com o mercado. Ele cita o direito de passagem, que antes era exercido só na impossibilidade de tráfego mútuo, e que agora passa a ser obrigatório. "A ferrovia não vai poder negar passagem", ressaltou. Ele explicou que, no caso de necessidade de investimento adicional para permitir o direito de passagem, a empresa interessada no direito de passagem arcará com o custo. O preço do direito de passagem será negociado entre as partes. Na impossibilidade de acordo, a ANTT arbitrará o valor.

 

Metas

 

O objetivo da resolução de metas por trecho, segundo Bernardo, é "a indução para que a concessionária seja mais agressiva que a meta", o que resultará na cobrança da tarifas mais baixas. O objetivo dessa medida, explicou, é evitar ociosidade das linhas.

 

"A empresa vai dizer o que considera capacidade e nós vamos auditar", disse. Para isso, será implantado até o fim do ano que vem um centro de controle das concessionárias, uma espécie de big brother, que monitorará as linhas, sem interferir na atividade das empresas. "Para que seja eficiente a operação de direito de passagem, alguém tem de tomar conta", destacou.

 

A terceira resolução, abre a possibilidade de o usuário de transporte ferroviário de cargas ser o próprio operador para autoatendimento, caso essa modalidade seja mais vantajosa que o direito de passagem. "Ninguém terá cerceado o acesso à malha."

 

Expectativa

 

Além das regras que visam combater a ociosidade das linhas ferroviárias, outras ações são aguardadas com expectativa para o ano que vem no que diz respeito ao transporte. Uma das mais aguardadas e, talvez, a mais importante delas seja o trem de alta velocidade (TAV). A obra, estimada em R$ 33,1 bilhões, vai interligar as cidades de Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo. A entrega das propostas para a sua construção, prevista inicialmente para ocorrer em dezembro, foi adiada, mesmo diante das negativas da ANTT.

 

Na oportunidade, o próprio superintendente executivo da agência, Hélio Mauro França, alegava que os pedidos para o adiamento do leilão eram "apenas manifestações da sociedade". Posteriormente, a ANTT anunciou o adiamento para o dia 11 de abril do ano que vem. Dezoito dias depois está prevista a realização do leilão na sede da Bolsa de Valores de São Paulo. Com prazo de implementação de seis anos, o TAV deve ter uma demanda de 32 milhões de passageiros por ano e receita de R$ 2 bilhões.

 

Ônibus

 

As concessões das linhas de ônibus interestaduais devem ser adiadas para o segundo semestre de 2011, segundo Bernardo Figueiredo. O processo licitatório estava previsto para o primeiro semestre de 2011. Segundo o diretor-geral, serão licitadas 2 mil linhas de ônibus interestaduais.

 

Para triplicar o volume de cargas de produtos e insumos transportados por meio do setor ferroviário, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou novas regras a partir do fim de janeiro. "Com exceção do minério de ferro, que já usa muito esse tipo de transporte", afirmou o diretor-geral da entidade, Bernardo Figueiredo, ao anunciar as novas medidas. Segundo Figueiredo, o objetivo também é combater a ociosidade, pois, dos cerca de 28 mil quilômetros de linha ferroviária do País, 18 mil quilômetros estão subutilizados.

 

"Ou a empresa coloca essas linhas em condições de trafegabilidade ou devolve as linhas para o governo", alertou. Apenas 10 mil quilômetros de linhas, segundo ele, têm passagem de ao menos um trem por dia. Já na área de transporte de passageiros, o superintendente executivo da agência, Hélio Mauro França, destaca no ano que vem o leilão, na sede da Bolsa de Valores de São Paulo, do trem de alta velocidade (TAV), que deve ter uma demanda de 32 milhões de passageiros.

 

Com a movimentação do segmento, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Vicente Abate, espera em dez anos produção de 40 mil unidades. "O Brasil está investindo muito em infraestrutura e o crescimento da malha ferroviária pode puxar a maior produção desde a década de 1970." Em 2009 foram produzidos 1.022 mil vagões de carga. Este ano, 2,3 mil vagões.

 

Veículo: DCI


Veja também

Férias animam lojistas a expandir nas praias

A enxurrada de turistas que devem se dirigir ao litoral para as férias de final de ano faz as redes varejistas au...

Veja mais
Castelo prevê avanço de 10% no faturamento

A Castelo Alimentos, com sede em Jundiaí (SP), espera fechar 2010 com um crescimento de 10% em relaç&atild...

Veja mais
Fabricante de colchões Flex terá nova planta em Limeira

A fabricante de colchões Flex do Brasil, filial da espanhola Flex Equipos de Descanso, quer aumentar a sua capaci...

Veja mais
JBS fez oferta pela americana Sara Lee, diz ''WSJ''

Grupo americano tem valor de mercado de cerca de US$ 10,5 bi, e operação necessitaria de um grande volume ...

Veja mais
Coreana LG vai investir em fábrica de fogões e geladeiras em Paulínia

Eletrodomésticos. Investimento na nova unidade é estimado em cerca de R$ 500 milhões, com previs&at...

Veja mais
Publicidade on-line supera a impressa

Este ano, pela primeira vez, anunciantes nos Estados Unidos terão investido mais em anúncios de internet d...

Veja mais
Interesse do JBS por Sara Lee mostra ascensão de brasileiras

No mais recente exemplo do aumento da participação das empresas brasileiras no cenário mundial, a g...

Veja mais
Enquanto todo mundo come peru, eles trabalham sem parar no Natal

Executivos de setores estratégicos enfrentam pico de trabalho no período de festas.   Enquanto boa ...

Veja mais
Varejistas aportam R$ 64 mi na região

Bons indicadores econômicos somados à ascensão da nova classe média estão atraindo inv...

Veja mais